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Bastos Pequeno foi contador de Bibinho e colaborou na investigação. | Albari Rosa/Gazeta do Povo/ Arquivo
Bastos Pequeno foi contador de Bibinho e colaborou na investigação.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/ Arquivo

Com a contratação de uma família com 16 funcionários fantasmas, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) perdeu R$ 24 milhões. Essa é a constatação do Ministério Público, que concluiu uma investigação surgida a partir da série de reportagens Diários Secretos, publicadas pela Gazeta do Povo e RPC em 2010. As informações constam na denúncia apresentada à Justiça no fim de junho, acusando os ex-diretores da Alep Abib Miguel, o Bibinho; José Ary Nassif e Claudio Marques da Silva de cometerem os crimes de desvio de dinheiro público e formação de quadrilha.

16 parentes

Lista de familiares de Douglas Bastos Pequeno, que foram empregados na Assembleia:

  • Maria Advair Pinto Gomes de Campos (ex-mulher de Douglas).
  • Josiane Bastos Pequeno (filha de Douglas).
  • Viviane Bastos Pequeno (filha de Douglas).
  • Luciano Galo (companheiro da filha de Douglas).
  • Nadir Thibes (ex-cunhada de Douglas).
  • Ivanir Terezinha Thibes Vieira (ex-cunhada de Douglas).
  • Nerci da Luz Thibes Scheleder (ex-cunhada de Douglas) .
  • Derci Aparecida Schmidt (ex-cunhada de Douglas).
  • Mariles Prevedello (ex-mulher de Douglas).
  • Lorete Prevedello Pequeno Cury (filha de Douglas).
  • Gina Prevedello Pequeno (filha de Douglas).
  • Karina Cury (filha de Lorete, neta de Douglas).
  • Thiago Cury (filho de Lorete, neto de Douglas).
  • Felipe Cury (filho de Lorete, neto de Douglas).
  • Erick Salles (filho de Gina, neto de Douglas) .
  • Luana Salles (filha de Gina, neta de Douglas).

A família investigada é do ex-contador de Bibinho Douglas Bastos Pequeno. Ele teria convencido os parentes a ceder documentos pessoais para serem contratados como funcionários – contudo, não ficariam com o dinheiro, mas teriam alguns benefícios, como plano de saúde. Duas ex-mulheres, quatro filhas, um genro, quatro ex-cunhadas e cinco netos, totalizando 16 parentes do ex-contador chegaram a constar como servidores da Assembleia. A série de reportagens mostrou que alguns teriam “recebido” salários superiores a R$ 20 mil. Bastos Pequeno concordou em colaborar com as investigações e prestou depoimentos contando aos promotores como os desvios eram feitos. Ele morreu de problemas cardíacos em dezembro de 2014.

A denúncia do MP também relaciona a advogada Andrezza Maria Beltoni Caetano, acusada de induzir os clientes a mentir em depoimentos, inventando funções e atividades que teriam desempenhado. Ela tem registro ativo na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas já esteve ameaçada de ter suspenso o direito de advogar, diante de acusações de estelionato.

Bibinho – que está preso desde novembro, quando foi flagrado no aeroporto de Brasília recebendo R$ 70 mil em espécie – é réu em mais de uma dezena de ações criminais e cíveis em função de acusações relacionadas ao escândalo. Em junho, promotores relacionaram mais de R$ 200 milhões em patrimônio que estariam no nome dele, de parentes e supostos “laranjas”.

O ex-diretor-geral da Alep é acusado de comandar um esquema de funcionários fantasmas que teria desviado, no mínimo, R$ 216 milhões. No caso da família Bastos Pequeno, a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontou a prática repetida – 1290 vezes – de crimes. Foi o número de salários pagos indevidamente. Alguns dos parentes do ex-contador “trabalharam” por mais de uma década.

O MP decidiu processar apenas parte da família Bastos Pequeno – vários integrantes colaboraram com as investigações e não mentiram em depoimentos. Apenas Mariles Prevedello, Gina Prevedello Pequeno e Erick Salles viraram réus na ação judicial. Se aceito pela Justiça, o processo irá correr na 8.ª Vara Criminal de Curitiba. A contratação de outros dois núcleos familiares – dos aliados de Bibinho, Daor Afonso Marins de Oliveira e João Leal de Matos – já viraram ações criminais e tramitam na Justiça.

Outro lado

O advogado Eurolino Reis, que defende Bibinho, disse que tomou conhecimento da ação nesta terça (7) e que ainda está se informando. Ele reitera que o cliente nega as acusações. Alega também que o caso estaria prescrito. A reportagem não conseguiu localizar os advogados da família Bastos Pequeno.

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