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Família Richa, da esq. para a dir: os filhos André, Marcello (novo secretário municipal) e Rodrigo (de óculos), com os pais Beto e Fernanda (nova secretária estadual) | Divulgação
Família Richa, da esq. para a dir: os filhos André, Marcello (novo secretário municipal) e Rodrigo (de óculos), com os pais Beto e Fernanda (nova secretária estadual)| Foto: Divulgação
  • Confira quais são os integrantes da família de Richa que estarão em cargos públicos

Um governador, dois secretários de estado, um secretário da prefeitura de Curitiba, uma presidente de fundação municipal e a viúva de um ex-governador. A partir de janeiro de 2011, a família Richa terá cinco integrantes recebendo salários por exercerem cargos de primeiro escalão nas administrações estadual e de Curitiba, além de uma pensionista que recebe vencimentos por ser viúva de um ex-chefe do Executivo estadual (veja quadro). Somados, os vencimentos dos integrantes da família custarão aos cofres públicos R$ 1,5 milhão por ano.

A árvore dos Richa no poder público traz, no topo, o futuro governador Beto Richa (PSDB), eleito em outubro com 3 milhões de votos, o equivalente a 52,4 % dos eleitores paranenses. O governador receberá, nos próximos quatro anos, R$ 28,1 mil mensais, valor reajustado em decorrência do efeito cascata provocado pelo aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizado pelo Congres­­­so Federal na semana que passou. Uma lei estadual de 2002 vinculou o salário do governador do Paraná ao do presidente do STF – o teto constitucional do funcionalismo público brasileiro.

Os salários de pelo menos dois familiares – Fernanda Richa, a primeira-dama; e José Richa Filho, o irmão – também foram reajustados pelo efeito-cascata. Uma lei aprovada neste mês fixou os vencimentos dos secretários em 70% do salário do governador.

Fernanda será secretária estadual da Fa­­mí­­lia e do Desenvolvimento So­­cial. Richa Filho, o "Pepe", assumirá a Secretaria de Infraestrutura e Logística, uma superpasta formada da união entre as atuais Secretarias Estaduais dos Transportes e de Obras. Ambos receberão vencimentos R$ 19,6 mil por mês.

Cargos na prefeitura

Os dois já tinham cargos políticos na prefeitura de Curitiba durante a gestão de Beto, entre 2003 a 2009. Na mesma prefeitura, agora nas mãos do aliado político Luciano Ducci (PSB), estão lotados outros dois Richa. Na semana passada, Ducci havia nomeado a tia da primeira-dama Fernanda Richa, Maria Christina Andrade Vieira, para a presidência da Fundação Cultural de Curitiba.

No última quarta-feira, o prefeito anunciou que Marcello Richa, filho mais velho do governador eleito, será o novo secretário do Esporte e Juventude da prefeitura. Tanto Marcello quanto Maria Chris­­tina receberão cerca de R$ 12 mil mensais.

Além desses cinco integrantes da família, a ex-primeira dama Arlete Richa também recebe dinheiro público. Ela recebe a pensão que o estado paga a nove ex-governadores e a quatro viúvas de ex-governadores. Os valores da pensão correspondem a 95% do vencimento do governador – ou seja, R$ 25,2 por mês.

Nepotismo

A nomeação de parentes pa­­ra cargos políticos, como o de secretário estadual e municipal, não é proibida pela súmula antinepotismo editada em 2008 pelo STF. Mas a prática foi motivo de críticas de Richa e de aliados de Beto ao ex-governador Roberto Requião (PMDB) em seus dois mandatos. Antes da edição da súmula, Requião chegou a manter uma uma dezena de parentes na administração. Depois, colocou no governo, em cargos políticos, mulher e dois irmãos.

Na avaliação do cientista po­­lítico Ricardo Costa de Oli­­veira, da Universidade Federal do Pa­­raná (UFPR), a prática não condiz com o discurso de modernização da administração adotado por durante a campanha eleitoral. Para Oliveira, o eleitor de Richa que esperava mu­­danças fica decepcionado com o grande número de parentes. "Vemos o nepotismo sendo ampliado, com o irmão em uma supersecretaria e a esposa assumindo uma pasta com um peso muito maior", aponta ele. "Além disso, há conexão política com a prefeitura, perpetuando uma rede familiar que nega o princípio da impessoalidade no poder público."

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