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As famílias de nove das 154 vítimas do acidente com o vôo 1907 da Gol vão entrar com ação de indenização na Justiça americana contra a ExcelAire, dona do jato Legacy, que se chocou com o Boeing 737-800 da companhia brasileira. Um grupo de advogados americanos com escritório especializado em defender vítimas de acidentes desse tipo está no Brasil, e juntou-se a dois advogados brasileiros para defender os familiares das vítimas.

A ação vai ser impetrada em Nova York, onde está sediada a ExcelAire. O argumento dos advogados é de que os pilotos descumpriram uma série de procedimentos, principalmente o plano de vôo traçado para a aeronave.

Os advogados anunciaram que a ação deve ser ajuizada dentro de um mês, e disseram que já há elementos para atribuir a responsabilidade pelo acidente aos dois pilotos americanos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Palladino. Os dois estão impedidos de deixar o país até o fim das investigações por determinação da Justiça Federal do Mato Grosso, que também deu prazo de 10 dias para a embaixada dos Estados Unidos informar o endereço no Brasil do piloto e do co-piloto.

Já o advogado Leonardo Amarante informou vai entrar com uma ação na Justiça do Rio de Janeirona próxima segunda-feira contra a Gol Linhas Aéreas, para que seja assegurado o pagamento de uma pensão alimentícia a Juliana Sarmento, viúva do representante comercial André Fontoura, que morreu no acidente.

Investigações

O delegado federal Renato Sayão, responsável pelo inquérito na PF, disse nesta quarta que a investigação deve seguir três linhas: verificar se os pilotos seguiram as normas internacionais de segurança; se os controles de tráfego aéreo funcionaram; e se houve falha mecânica. Sayão informou que a investigação da PF será feita paralelamente à da Aeronáutica e defendeu a manutenção no Brasil do piloto e do co-piloto do jato Legacy.

O delegado recebeu o advogado José Carlos Dias, que defende os tripulantes. O advogado, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, afirmou, após o encontro com Sayão, que Lepore e Paladino não cometeram nenhuma impropriedade técnica no comando do jato. Segundo ele, o transponder - dispositivo de rastreamento da aeronave - não estava desligado, e nem houve falha no equipamento. Quando questionado pelos repórteres se os americanos teriam descumprido o plano de vôo, Dias respondeu:

- Não é bem assim não. Não é com este simplismo. Eles têm explicações que já foram dadas, e cumpriram todos os regulamentos.

O advogado também respondeu às perguntas dos jornalistas sobre o fato de o jato Legacy estar voando, no momento do acidente, a 37 mil pés, como informaram os pilotos americanos à Polícia Civil do Mato Grosso.

- Tenho certeza que eles têm resposta para tudo isso. Os fatos precisam ser levados a uma apreciação equilibrada. É preciso ouvir as gravações (da caixa-preta) para saber o que eles conversavam - afirmou Dias.

O advogado não descartou a possibilidade de ter ocorrido falha no controle aéreo:

- Isso tudo tem que ser apurado. Não queremos fazer acusações.

Um relatório preliminar da FAB mostra que os pilotos americanos do Legacy foram responsáveis pelo acidente. O relatório já está pronto, mas não será divulgado até a que a Organização Internacional de Aviação Civil (Oaci) envie, do Canadá, um relatório sobre a releitura da caixa-preta do Legacy.

Embora os pilotos do Legacy tenham afirmado em depoimentos à Polícia Civil de Mato Grosso que estavam cumprindo o plano de vôo, cópia do documento mostra que eles estavam voando a 37 mil pés, quando deveriam ter subido para 38 mil num ponto bem antes do choque com o Boeing da Gol.

Trabalho de resgate

As equipes de resgate contam agora com o reforço de índios caiapós e jurunas, que estiveram na fazenda Jarinã para oferecer ajuda. Eles vão abrir picadas e clareiras para as equipes que estão à procura de corpos.

- Esse era nosso objetivo, de ajudar e não de atrapalhar, de levar os corpos para os familiares - disse o cacique caiapó Megaron Txucaramãe.

A grande expectativa dos militares é quanto ao trabalho que começou a ser feito por técnicos, no local do acidente. Ainda falta encontrar nove corpos de vítimas do acidente.

Mesmo depois que todos os corpos forem localizados, boa parte dos militares vai permanecer na mata para encontrar o cilindro da caixa-preta do Boeing, que registrou os últimos diálogos da tripulação.

Leia mais: O Globo Online

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