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Feministas preparam protestos contra nome de Temer em obra de Curitiba

Sem a presença de representantes do governo interino, obra enfrenta ainda a polêmica de qual nome constará na placa de inauguração: o de Dilma ou o de Temer?

Casa da Mulher Brasileira fica na avenida Paraná, próximo ao terminal do Cabral | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Casa da Mulher Brasileira fica na avenida Paraná, próximo ao terminal do Cabral (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Curitiba colocará em funcionamento, nesta quarta-feira (15), a Casa da Mulher Brasileira, um espaço que congrega uma série de serviços especializados de atendimento e acolhimento a mulheres. Mas a abertura da unidade, que faz parte de um programa que foi bandeira de campanha da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), ocorrerá sem inauguração oficial. A prefeitura e o governo federal tratam o evento como uma visita técnica com início das atividades. Nenhum representante do presidente interino Michel Temer (PMDB) comparecerá ao evento, que, ainda assim, deve enfrentar a pressão de coletivos feministas.

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A casa começará a operar quase três anos após a prefeitura aderir ao programa do governo federal. O espaço estava pronto para funcionar desde o início do ano, aguardando uma inauguração formal. Segundo a secretária Municipal da Mulher, Roseli Isidoro, a solenidade chegou a ser marcada por três vezes, mas todas haviam sido adiadas por incompatibilidade de agenda de autoridades de Brasília. Por isso, optou-se por abrir a unidade, mesmo sem inauguração.

“Estamos em uma fase em que terminamos a obra e há uma pressão de grupos feministas para que a gente dê início aos trabalhos”, disse Roseli. A secretária acrescentou que, posteriormente, o Ministério da Justiça deve agendar uma data para fazer a inauguração oficial.

“Placa”

Um dos símbolos de toda obra pública, a placa – em que se listam as autoridades envolvidas no projeto – ainda é uma incógnita na unidade da Casa da Mulher Brasileira na capital. Ainda não há a confirmação se ela vai trazer o nome de Temer ou de Dilma Rousseff (PT) - governo que implantou esta política. A prefeitura permanece em cima do muro, alegando que a decisão é do Ministério da Justiça. Certo, por enquanto, é que a abertura do espaço não contará com o tradicional descerramento de placa. “Cabe a eles [ao Ministério] definir e eu não sei qual é a leitura deles”, disse Roseli.

Coletivos feministas já demonstram contrariedade diante da possibilidade de a placa estampar o nome de Temer. Criticam o peemedebista devido ao fim do Ministério da Mulher e a nomeação de Fátima Pelaes como secretária especial de Políticas para Mulheres.

“O governo interino age com total omissão e desrespeito ao tema. Não tem qualquer histórico de defesa das mulheres. Eu acho lamentável que o nome dele [Temer] venha a ficar cravado em uma placa de um projeto que é uma conquista histórica do movimento feminista”, apontou Vanessa Fogaça Prateano, militante dos direitos das mulheres e integrante da comissão de estudos de violência de gênero da seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR).

Abertura deve ter protesto

Apesar da ausência de representantes do governo interino, a “visita técnica” do prefeito Gustavo Fruet (PDT) ao estabelecimento deve enfrentar manifestações de grupos feministas. Os coletivos veem o espaço como um avanço, mas querem ter a certeza de que uma rede de proteção vai, de fato, funcionar. Por outro lado, as militantes criticam de forma dura o governo Temer e, de forma mais branda, a gestão Fruet – este, especificamente por conta da falta de vagas em creches e pelo veto a pontos na lei das doulas.

“Apesar de ser um paliativo, a Casa [da Mulher] é um grande avanço, mas precisamos de garantias de que vai funcionar. Estamos em uma sociedade em que pontos da Lei Maria da Pena não funcionam e estamos sob um governo interino que deixa claro que não se interessa por políticas voltadas às mulheres”, disse Jussara Cardoso, uma das organizadoras da Marcha das Vadias.

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