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Cultura e política

Filme da vida de Lula estreia em ano eleitoral

Estratégia dos produtores é transformar a história do petista no maior lançamento já feito pelo cinema nacional

O ator Rui Ricardo Dias interpreta Lula, em cena de assembleia dos metalúrgicos | Divulgação
O ator Rui Ricardo Dias interpreta Lula, em cena de assembleia dos metalúrgicos (Foto: Divulgação)

São Paulo - Ainda surfando no anúncio dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e nos sinais de retomada do crescimento econômico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve colecionar mais dividendos políticos, desta vez nas telas do cinema e em pleno ano eleitoral, quando todos os esforços estarão voltados para eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua sucessora.

Lula, o Filho do Brasil, cinebiografia sobre o petista, será lançado em 1.º de janeiro de 2010 com uma estratégia de distribuição que tem como objetivo torná-lo um dos maiores lançamentos do cinema nacional, desde a retomada da produção cinematográfica do país, em 1995. O filme conta os primeiros 35 anos da vida do presidente, do nascimento até a transformação dele em líder sindical.

A produção recorrerá a tradicionais bases de sustentação política de Lula, como sindicatos, e a regiões onde ele tem alta popularidade, como no Nordeste, para fazer a distribuição do filme. Um universo de 10 milhões de pessoas sindicalizadas poderá comprar ingressos a preços populares.

A estreia será feita em mais de 400 salas, sendo que 88 delas não fazem parte do circuito convencional, como nas cidades baianas Alagoinhas e Santo Antonio de Jesus, na cearense Maracanaú e na pernambucana São Lou­­­renço da Mata. A cidade de Gara­­nhuns, na região onde nasceu Lula, receberá cópias para exibição em duas salas, já no lançamento.

Lula, o Filho do Brasil fugiu do padrão nacional de financiamento de obras cinematográficas, baseado na renúncia fiscal. Causou polêmica no mercado, ao conseguir bancar a produção, de R$ 12 milhões, com dinheiro de empresas que não se beneficiaram de nenhuma lei de incentivo fiscal. Há construtoras, montadoras e outras empresas que não são tradicionais investidoras do setor – algumas têm contratos com o governo.

"Para chegar a 400 salas, vão ter de entrar pesado no interior", disse Luiz Severiano Ribeiro, diretor do Grupo Severiano Ri­­­beiro/Kinoplex, que detém 200 salas de cinema. Os produtores, no entanto, acham ser possível chegar a 500 salas – Se Eu Fosse Você 2, campeão de público desde 1995, foi lançado em 315 e teve 6,1 milhões espectadores.

CUT e Força Sindical negociaram promoções para a exibição. "O filme interessa a todo mundo, mas o público principal é o sindical", disse Bruno Wainer, presidente da Downtown Filmes, que ao lado da Europa Filmes é responsável pela distribuição. A ideia é que sindicatos ligados às centrais vendam ingressos antecipados, até 20 de dezembro, por R$ 5.

Produtores e distribuidores querem pegar carona na história de Lula e transformar o filme, dirigido por Fábio Barreto, no mais visto da história do cinema nacional. Avaliam que a produção pode chegar a 20 milhões de pessoas. "Quando o Barreto (Luiz Carlos Barreto, pai de Fábio e produtor) fala 20 milhões, é um balão de ensaio. A expectativa do mercado é que esse filme tenha entre 4 e 5 milhões de espectadores. Já sai de um patamar alto. É até possível que se pague", afirmou Paulo Sérgio Almeida, cineasta e diretor da Filme B, empresa que faz análises do setor.

Chapa branca

A oposição ao governo Lula tem visto com reticências a estreia do filme justamente em ano eleitoral. Duda Mendonça, ex-publicitário de Lula, chegou a dar sugestões sobre a produção. Ao ver uma versão, sugeriu que fosse retirado trecho em que uma professora de Lula diz que ele é "muito especial". Para Du­­­da, a passagem deixaria "chapa branca" o filme, que será transformado em minissérie – a Globo está na negociação.

Os envolvidos com a cinebiografia negam que ela vá ajudar politicamente Lula ou o PT. "Ninguém é petista aqui. Não fizemos por razões ideológicas", disse Wainer. "A história é incrível, independentemente de você votar nele." Questionado sobre o lançamento em ano eleitoral, afirmou: "O Brasil está em eleição quase todos os anos".

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