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| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Depois de 13 anos no comando do Palácio do Planalto, o Partido dos Trabalhadores deve retornar às origens e voltar a ser a velha legenda de oposição combativa, que colaborou para que seus líderes chegassem ao poder em 2002.

Agora fora do comando do país, o PT deve contar com duas estratégias: “denunciar o golpe” na ordem internacional e voltar ao jeito petista de fazer oposição, que nos anos 1990 pediu por duas vezes o impeachment de Fernando Henrique Cardoso e liderou o movimento “Fora, FHC”.

Em 1999, deputados como José Dirceu (hoje preso pela Operação Lava Jato) e José Genoíno (condenado pelo Mensalão), subiam na tribuna da Câmara dos Deputados para pedir a saída de FHC. Na época, foram acusados por deputados da situação de não aceitarem o resultado das urnas - mesma acusação que fazem aos parlamentares que votaram pela admissibilidade do processo de impeachment. Agora, o partido tentará demonstrar que o processo sofrido por Dilma é inconstitucional, além de tentar barrar qualquer projeto encaminhado pelo governo interino junto com outros partidos de oposição.

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Ainda antes da admissibilidade de processo de impeachment, senadores já se reuniram com o ex-presidente Lula para discutir os próximos passos. Eventuais problemas no governo Temer podem colaborar para um retorno da presidente Dilma - ou a fortalecer o partido como um todo.

Em nota, o presidente do partido, Rui Falcão, afirmou que a mobilização do partido deve ser “plural e unitária”. Falcão ainda afirma que o partido defende a democracia e não aceita o programa de governo apresentado por Temer. “Acima de tudo, defendemos a ordem democrática e repudiamos o programa dos golpistas, que planejam arrochar salários; reverter a política de reajustes do salário-mínimo; mexer com os direitos dos aposentados; anular vinculações constitucionais da saúde e da educação — enfim um programa regressivo, antipopular e antinacional”.

Retorno à aliança programática

De acordo com o cientista político da UFPR Bruno Bolognesi, o PT deve se fixar nestas duas estratégicas, focando principalmente no velho papel de oposição. “A oposição do PT deve ser tão enérgica quanto foi nos anos 1990, além de buscar o discurso de vítima. Essa é a melhor estratégia eleitoral do partido, para não perder representação, tanto nas eleições de 2018 quanto nas municipais de 2016”, disse.

Para Bolognesi, o PT deve se unir com partidos de centro-esquerda para retomar o papel de oposição programática dentro do Congresso Nacional, que acabou sendo deixado de lado ao longo dos anos de governo. “Quando você está no governo, acaba sendo menos ideológico, precisa governar para todos. O partido acaba aprovando pautas que jamais toleraria em outra situação. Agora o PT não tem mais compromisso com nada disso”, afirmou.

Hoje, o PT tem a maior bancada entre os partidos de oposição -- são 57 deputados. Junto de partidos como PCdoB, PSOL e PDT, o número aumenta para 93. Não é tão representativo, mas a unidade desta bancada pode causar problema para Michel Temer. “Eles são poucos, mas são unidos e disciplinados. Podem se tornar uma oposição centralizada e coordenada, que pode tumultuar o dia-a-dia da política dentro do Congresso”, disse.

Erros de Temer

Mais do que a oposição do PT ao governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB), os erros do peemedebista podem colaborar para um retorno da presidente Dilma ao Palácio do Planalto ao fim do julgamento do impeachment. Com um ministério de base parlamentar, Temer pode sofrer nas mãos da opinião pública. “É um ministério que não tem conexão com a sociedade e já sofre críticas por ter vários investigados pela Lava Jato”, comentou Bolognesi.

Além disso, a base de deputados que hoje está com o presidente interino, pode mudar de lado. “A base de apoio de Temer é formada em fisiologismo e muito volátil. Da mesma forma que algumas bases partidárias mudaram de ideia em relação ao impeachment, podem deixar Temer se sentirem desaprovação da população”.

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