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Garotinho se “rebela” a entrar na ambulância que o levaria para a penitenciária; chegou a chutar um funcionário. | Alexandre Cassiano/Agência O Globo
Garotinho se “rebela” a entrar na ambulância que o levaria para a penitenciária; chegou a chutar um funcionário.| Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR, Partido da República) resistiu à transferência para o presídio de Bangu, na noite da quinta-feira (17). Deitado numa maca do Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, Garotinho reluta para entrar na ambulância que iria levá-lo a Bangu. Ele levanta o tronco e é contido por um enfermeiro. Garotinho chega a chutar o funcionário para não ser colocado no veículo. Sua mulher, Rosinha Garotinho, prefeita no município de Campos, no Norte Fluminense, e sua filha Clarissa Garotinho, deputada federal, aparecem à porta da ambulância tentando evitar a transferência.

O juiz Glauce Oliveira, da 100.ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em Campos, determinou na noite de quinta a transferência imediata dele para o Complexo Penitenciário de Bangu. Às 21h45, um oficial de Justiça e policiais federais estavam no Hospital Souza Aguiar para iniciar o traslado, segundo o advogado dele, Fernando Fernandes.

Garotinho havia sido internado logo após ser preso, na quarta-feira (18), devido a uma crise de hipertensão.

Regalias

O juiz eleitoral, que na quarta-feira (16) havia determinado a prisão de Garotinho sob acusação de comprar votos, escreveu na decisão da quinta que tomou conhecimento de que o ex-governador “está recebendo diversas regalias no Hospital Souza Aguiar”. Garotinho foi transferido para a unidade de saúde às 18h15 de quarta-feira, após reclamar de crise hipertensiva enquanto aguardava, na sede da Polícia Federal (PF) no Rio, transferência para a PF em Campos.

“Nenhum preso tem direito a qualquer regalia ou tratamento diferenciado, seja em unidade prisional ou hospitalar, situação que a par de ferir a isonomia constitucional constitui, em tese, crime para quem presta a referida regalia. Mostra-se imperioso fazer cessar quaisquer regalias que o réu possa estar recebendo”, escreveu o juiz na decisão.

Tratamento na cadeia

Ao determinar a transferência para Bangu, Oliveira afirma que “o referido complexo penitenciário é provido de uma Unidade de Pronto Atendimento e, segundo foi informado pelo diretor do sistema penitenciário, naquela unidade prisional é possível realizar o tratamento adequado”. No presídio Frederico Marques, o ex-governador deve ser submetido à “dessensibilização”, procedimento preparatório para outro exame, que será feito em um hospital público em data a ser agendada.

O advogado de Garotinho criticou o juiz pela ordem de transferência, feita, segundo ele, sem autorização dos médicos: “É lastimável um juiz ultrapassar protocolos médicos e usar a força para retirar um paciente de um hospital. Jamais se viu decisão tão prepotente, arbitrária e desumana”, afirmou.

Prisão

Garotinho foi preso quarta-feira por policiais federais em um apartamento no Flamengo (zona sul do Rio). A prisão preventiva (sem data para terminar) foi parte da Operação Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos, para obter apoio eleitoral. Garotinho é secretário de Governo de Campos, cidade governada pela mulher dele, a ex-governadora Rosinha Garotinho, também do PR. Antes da eleição de 2016, quase 20 mil moradores da cidade teriam ganho irregularmente o benefício, em troca de votos. Enquanto esperava a transferência para Campos, onde ficaria detido na sede da Polícia Federal, Garotinho afirmou estar com crise hipertensiva e acabou transferido para o Souza Aguiar.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde negou que Garotinho tenha recebido regalias no Hospital Souza Aguiar.

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