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José Genoino | Antônio Cruz/ABr
José Genoino| Foto: Antônio Cruz/ABr

Mal-estar

Abertura do processo causa atrito entre do PT e PMDB

Folhapress

Portador da carta de renúncia do ex-deputado José Genoino (PT-SP), o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), afirmou ontem estar decepcionado com o presidente da Casa, Henrique Alves (PMDB-RN). Um dos dois integrantes do PT na Mesa Diretora, Vargas procurou os colegas e tentou convencê-los a adiar o processo. Mas não obteve sucesso. O vice-presidente disse que não haverá retaliação contra o comando da Câmara, mas admitiu que a relação com Henrique Alves está abalada. "Lamento a postura de Henrique Alves. Ele poderia ter acolhido os efeitos suspensivos [do processo] porque ele [Genoino] está afastado e está temporariamente inválido. Ao instaurar o processo, a Mesa estaria instaurando o processo contra alguém que não poderia se defender", afirmou o petista. O presidente da Câmara evitou fazer comentários sobre a renúncia. "Evidentemente, não foi uma decisão que nos trouxe qualquer sentimento de alegria porque é sempre um tema constrangedor para esta Casa [um processo de cassação], disse Alves.

Relações estranhas

"Laranja" é dono do hotel que contratou Dirceu

Agência O Globo

A Truston International, empresa do Panamá dona do Hotel Saint Peter – que ofereceu um emprego com salário de R$ 20 mil para o ­­ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no processo do mensalão – é presidida por um laranja. Segundo reportagem de ontem do Jornal Nacional, da TV Globo, José Eugenio Silva Ritter mora num bairro pobre da Cidade do Panamá e trabalha há 30 anos como auxiliar de escritório. Mas admitiu que, no papel, é dono de mais mil empresas. A Truston tem 499.999 cotas da sociedade do hotel. Uma única cota pertence a Paulo Masci de Abreu, administrador de fato do empreendimento e ligado ao PTN, partido que apoia a presidente Dilma Rousseff.

As prisões de condenados no julgamento do mensalão provocaram ontem a primeira renúncia no Congresso. Para escapar da iminente instalação de um processo de cassação, o ex-presidente do PT José Genoino (SP) entregou seu mandato na Câmara dos Deputados. A renúncia, que abriu um princípio de crise entre PT e PMDB, os dois maiores partidos da Casa, foi apresentada durante a reunião da Mesa Diretora da Câmara que discutia a abertura do processo de cassação.

Preso desde o último dia 15 devido à sua condenação a 6 anos e 11 meses, Genoino disse na carta de renúncia ser inocente e acusou a mídia de transformar seu caso num espetáculo com o objetivo de humilhá-lo. Portador da carta de renúncia do ex-deputado José Genoino (PT-SP), o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), afirmou ontem que o correligionário entregou o mandato porque só não queria ter seu currículo marcado pela cassação.

A decisão de Genoino foi vista na Câmara como um prenúncio do que pode acontecer com os outros três deputados condenados no caso e que aguardam o início do cumprimento de suas penas –João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Os dois últimos já disseram a aliados que também pretendem renunciar, como forma de escapar da cassação.

Articulação

A ideia do PT era adiar em pelo menos 90 dias a abertura do processo de cassação contra Genoino, prazo em que o petista será reavaliado por uma junta médica da Câmara por causa de seu pedido de aposentadoria por invalidez. Com a renúncia, porém, o petista deixa de receber o salário de R$ 26,7 mil. Por outro lado, terá direito a cerca de R$ 20 mil mensais porque já possui aposentadoria proporcional ao tempo de serviço no Legislativo.

O pedido de aposentadoria por invalidez continuará a ser analisado pela Câmara – o entendimento é que ele foi feito quando Genoino ainda era deputado. Se conseguir o benefício, o petista terá direito ao valor integral do salário.

Pedido

Temendo receber um mandado de prisão a qualquer momento, os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Bispo Rodrigues (PL-RJ) entraram no STF com pedido de habeas corpus para responderem em liberdade ao último recurso que ajuizaram no processo do mensalão. Na segunda-feira, foi decretado o trânsito em julgado para ambos. O próximo passo é a expedição das ordens de prisão.

Transferência

As duas mulheres condenadas no processo do mensalão, Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural, e Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da agência de publicidade SMPB, deverão ser transferidas hoje para a penitenciária feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte. Elas estavam presas em Brasília e haviam solicitado à Justiça a transferência a Minas, onde moram suas famílias. O pedido foi aceito.

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