
As prisões de condenados no julgamento do mensalão provocaram ontem a primeira renúncia no Congresso. Para escapar da iminente instalação de um processo de cassação, o ex-presidente do PT José Genoino (SP) entregou seu mandato na Câmara dos Deputados. A renúncia, que abriu um princípio de crise entre PT e PMDB, os dois maiores partidos da Casa, foi apresentada durante a reunião da Mesa Diretora da Câmara que discutia a abertura do processo de cassação.
Preso desde o último dia 15 devido à sua condenação a 6 anos e 11 meses, Genoino disse na carta de renúncia ser inocente e acusou a mídia de transformar seu caso num espetáculo com o objetivo de humilhá-lo. Portador da carta de renúncia do ex-deputado José Genoino (PT-SP), o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), afirmou ontem que o correligionário entregou o mandato porque só não queria ter seu currículo marcado pela cassação.
A decisão de Genoino foi vista na Câmara como um prenúncio do que pode acontecer com os outros três deputados condenados no caso e que aguardam o início do cumprimento de suas penas João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Os dois últimos já disseram a aliados que também pretendem renunciar, como forma de escapar da cassação.
Articulação
A ideia do PT era adiar em pelo menos 90 dias a abertura do processo de cassação contra Genoino, prazo em que o petista será reavaliado por uma junta médica da Câmara por causa de seu pedido de aposentadoria por invalidez. Com a renúncia, porém, o petista deixa de receber o salário de R$ 26,7 mil. Por outro lado, terá direito a cerca de R$ 20 mil mensais porque já possui aposentadoria proporcional ao tempo de serviço no Legislativo.
O pedido de aposentadoria por invalidez continuará a ser analisado pela Câmara o entendimento é que ele foi feito quando Genoino ainda era deputado. Se conseguir o benefício, o petista terá direito ao valor integral do salário.
Pedido
Temendo receber um mandado de prisão a qualquer momento, os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Bispo Rodrigues (PL-RJ) entraram no STF com pedido de habeas corpus para responderem em liberdade ao último recurso que ajuizaram no processo do mensalão. Na segunda-feira, foi decretado o trânsito em julgado para ambos. O próximo passo é a expedição das ordens de prisão.
Transferência
As duas mulheres condenadas no processo do mensalão, Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural, e Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da agência de publicidade SMPB, deverão ser transferidas hoje para a penitenciária feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte. Elas estavam presas em Brasília e haviam solicitado à Justiça a transferência a Minas, onde moram suas famílias. O pedido foi aceito.



