
Doze meses depois de subir a rampa do Planalto, Dilma Rousseff chega ao segundo ano de mandato com o desafio de construir uma marca de governo que vá além da "faxina" administrativa. Após enfrentar uma temporada de sobressaltos políticos, que culminaram com a queda de sete ministros, ela ganhou apoio na luta contra a corrupção. Mas tropeçou na gestão do governo.
A crise envolvendo a suposta destinação política de recursos para combater desastres naturais (leia mais na página 15) mostrou que a gestão de fato é o calcanhar de aquiles do governo. Tanto que a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ministra da confiança de Dilma, foi escalada para administrar uma situação que teoricamente não seria de sua competência.
Na tentativa de desatar os nós que amarram os investimentos e ações governamentais, Dilma deve ampliar as atribuições da Casa Civil, redistribuir tarefas e "turbinar" os programas sociais. Preocupada com a gerência das ações de governo e, sobretudo, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que não deslancha, Dilma encomendou um estudo para melhorar a eficiência da máquina e enxugar estruturas "viciadas" nos ministérios.
A Casa Civil foi desidratada quando Antonio Palocci assumiu o cargo, em janeiro de 2011. De lá saíram o PAC e outros programas importantes porque Palocci, homem forte do governo, tinha a tarefa de imprimir perfil mais político à articulação do Planalto. Desde junho, no entanto, quando Palocci inaugurou a lista dos ministros demitidos, Dilma vem alimentando uma ideia: fazer com que a Casa Civil, pouco a pouco, retome suas antigas funções de gerência. A convocação de Gleisi para administrar as ações referentes aos desastres naturais é um indicativo disso.
Erradicação da miséria
Uma das principais preocupações de Dilma é com a meta de erradicar a pobreza extrema até 2014 seu principal objetivo de governo. Por isso, quer acelerar o programa Brasil Sem Miséria e as ações destinadas aos mais carentes. Figuram nessa lista a criação de postos de cadastramento do cartão SUS para moradores de rua e a construção de cisternas no plano Água para Todos. "Eu tenho compromisso ético e moral com os pobres deste país", disse recentemente a presidente. "Se fracassar nesse compromisso, terei fracassado em minha missão."
Paralelamente, o Planalto já trabalha para construir a imagem de uma Dilma mais carismática, uma espécie de "mãe dos pobres". "Como é que eu faço para ir até ao alambrado cumprimentar o povo?", pergunta ela com frequência nas viagens pelos rincões do país.
Crise e Congresso
Mas Dilma tem uma aflição mais urgente: o agravamento da crise internacional e seu possível impacto sobre a economia brasileira o que pode comprometer todas as metas do governo. Diante do cenário de incertezas, Dilma não deve se furtar de fazer cortes drástico de despesas, apesar da pressão por gastos neste ano eleitoral.
A presidente, porém, já sabe que terá de lidar com a rebeldia de um Congresso ávido por mais despesas. No primeiro ano, aliás, o que mais desagradou Dilma era ter de negociar com o Legislativo e com os partidos.
As trombadas do PT com o PMDB, por sinal, foram as que mais irritaram Dilma. Houve várias cotoveladas por espaço na diretoria da Caixa Econômica Federal (CEF) e no comando de estatais poderosas, como Furnas. "Há um déficit de atenção à política por parte do nosso governo", admite o senador Jorge Viana (PT-AC). "Além disso, estamos bastante desorganizados para lidar com as eleições de outubro, que, por serem paroquiais, dividem a base aliada e deixam sequelas."
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