A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Roberto Requião (PMDB) "não precisa de desculpas" caso queira romper a aliança com o partido para se aproximar do PSDB. A petista afirmou que as costuras para 2010 devem ser feitas com diálogo e não imposições. O governador deixou claro ontem que a candidatura do vice Orlando Pessuti é uma "tendência definitiva" e que os possíveis aliados teriam de se adequar a essa escolha.
"O que chama a atenção é essa postura justamente no dia em que ele (Requião) recebeu o Serra", declarou Gleisi. Ela relembrou que a primeira opção do governador durante a campanha à reeleição, em 2006, era coligar-se com o PSDB. A decisão que incluía o tucano Hermas Brandão (ex-presidente da Assembleia Legislativa e atual presidente do Tribunal de Contas) como vice de Requião foi derrubada graças à intervenção da Executiva Nacional do PSDB.
Gleisi, por outro lado, contou que ainda trabalha por uma composição que junte PT, PMDB e PDT, parceiros na base de apoio ao presidente Lula em Brasília. "Há uma convergência de ideias entre os três partidos. Isso poderia superar pequenas desavenças pessoais", afirmou, referindo-se aos problemas entre Requião e o senador Osmar Dias (PDT).
Em paralelo às dificuldades com o PMDB, os petistas preparam-se para um encontro estadual no próximo dia 23 em que pretendem chegar a um consenso sobre a possibilidade de candidatura própria ao Palácio Iguaçu. No último sábado, a corrente Construindo um Brasil Novo, que abrange 70% dos filiados ao partido no Paraná, decidiu fechar questão em torno do nome do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. A decisão não descarta a hipótese de apoiar Osmar Dias (PDT).
Em defesa do irmão governador, o secretário especial da Representação do Paraná em Brasília, Eduardo Requião, disse que o governo federal tem agido com "desconsideração" em relação ao PMDB no Paraná. "Eles precisam dialogar mais com quem historicamente sempre esteve ao lado do Lula." O descontentamento está relacionado à entrevista concedida por Lula no mês passado em que apontava Osmar Dias, Paulo Bernardo e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, como nomes mais indicados para disputar o governo do estado.
Stephanes, deputado federal licenciado pelo PMDB, declarou no domingo que a melhor opção para o partido é Osmar. Já o senador, aliado do PSDB no segundo turno de 2006 e na disputa pela prefeitura de Curitiba em 2008, reforçou ontem que está em fase de negociações com todas as legendas. Ele considerou o encontro entre Requião e Serra "normal". "Se fosse eu o governador visitaria colegas de estados vizinhos sempre que pudesse."



