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O clima voltou a ficar tenso, neste sábado, em cinco unidades do sistema prisional de São Paulo. Embora os funcionários das penitenciárias tenham informado que várias pessoas são mantidas reféns, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) nega e afirma que os movimentos dos presos não podem ser considerados motins. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, os detentos fazem "movimentos pacíficos".

Após controlar três rebeliões na sexta-feira, em Araraquara, Mirandópolis e Itirapina, os motins deste sábado acontecem em São Bernardo do Campo (ABC), Parelheiros (capital), Suzano, Franco da Rocha (interior) e São Carlos.

Febem Tatuapé

No fim da tarde deste sábado, uma rebelião na Febem Tatuapé, na zona leste de São Paulo, foi controlada. Os quatro agentes mantidos reféns foram libertados. Quinze pessoas - entre internos e funcionários - ficaram feridas. Ao todo, 500 menores participaram do motim, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Uma corda feita por um lençol foi utilizada por um menor para escalar o prédio e tentar fugir. Os adolescentes atearam fogo em materiais da Febem. Os presos escreveram em um pano um pedido de paz e de fim das opressões.

Parelheiros

No Centro de Detenção Provisória de Parelheiros, seis pessoas são mantidas reféns. Cerca de 60 parentes dos presos ainda estão dentro do prédio. O Batalhão de Choque da Polícia Militar já está no local. Em Franco da Rocha, os presos se rebelaram após uma tentativa frustrada de fuga. Eles mantêm um funcionário refém.

São Bernardo do Campo

Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a situação também é tensa. Dois agentes do centro de detenção foram feitos reféns. Mais de 300 parentes de presos ainda estão no complexo.

Suzano

Em Suzano, o motim começou por volta das 10h. Nove pessoas são mantidas reféns. Entre elas, o diretor da unidade. Duzentos familiares de detentos estavam no pátio da unidade na hora em que o motim começou. Segundo a PM, o motivo da rebelião é a solidariedade com os demais presos que iniciaram o motim em Araraquara, Mirandópolis e Itirapina na sexta-feira.

Itirapina e Araraquara

As rebeliões em Itirapina e Araraquara chegaram ao fim na manhã deste sábado, com a libertação de 13 reféns. Na sexta-feira à noite, já havia acabado o motim em Mirandópolis. Essas rebeliões são as primeiras que acontecem orquestradamente depois da onda de ataques que ocorreu no mês passado no estado de São Paulo.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, um preso morreu em Itirapina em uma briga de gangues. Alguns reféns tiveram apenas ferimentos leves.

Mirandópolis

Em Mirandópolis, a 593 quilômetros de São Paulo, a rebelião terminou às 18h30m de sexta-feira, depois que a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu um dos pavilhões do presídio e reconduziu os presos às celas. Seis reféns foram liberados. No presídio, há 1.203 detentos, mas a capacidade é de 804 presos.

Na sexta-feira, os policiais tentaram controlar os presos com bombas e gás de pimenta. Além dos agentes penitenciários, dois médicos também ficaram em poder dos presos, um em Araraquara e o outro em Itirapina.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), quatro pessoas ficaram feridos em Itirapina.O presídio está superlotado. Tem capacidade para 852 presos, mas abriga 1.363.Os presos queimaram colchões e destruíram portas e telhados.

A rebelião na Penitenciária de Araraquara terminou pouco antes das 9h deste sábado. Segundo a Polícia Militar, os 10 reféns (9 agentes penitenciários e um médico) foram libertados. Ninguém se feriu, mas a cadeia foi completamente destruída, segundo uma tenente.

A penitenciária tem capacidade para 700 presos, segundo a policial, mas abriga 1.700. O motim começou por volta das 14h de sexta-feira. As negociações foram suspensas durante a madrugada, mas nesta manhã a tropa de choque entrou na penitenciária para conter os detentos.

Um agente penitenciário disse ao Globo Online que a categoria teme novas megarrebeliões comandadas por uma facção criminosa no estado.

A SAP informou que os presos não apresentaram reivindicações. Há informações que as rebeliões aconteceram em solidariedade aos presos transferidos para a penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, há um mês. Lá, os detentos não estariam recebendo visitas ou tomando banho de Sol.

É a primeira onda de rebeliões desde que o secretário Nagashi Furukawa foi substituído por Antônio Ferreira Pinto. Na semana passada, os detentos já haviam feito uma 'greve branca' e se recusaram a comparecer a audiências marcadas em fóruns em solidariedade a Marcos Camacho, o Marcola, que havia sido interrogado pelos deputados da CPI do Tráfico de Armas.

Na penitenciária 2 de Itirapina, a 232 quilômetros da capital, moradores vizinhos ficaram assustados e disseram ter ouvido tiros. O diretor da penitenciária não estava na unidade, mas foi chamado às pressas. Os agentes foram supreendidos por um preso que estava escondido num carrinho que servia o marmitex. Ele estava armado com uma faca. A capacidade máxima em Itirapina é de 852 detentos, mas há 1.363 presos. O preso morto em Itirapina foi assassinado pelos próprios colegas.

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