
Documento do Ministério Público do Paraná (MP-PR) revela que o desvio de dinheiro destinado à construção e à reforma de escolas estaduais, investigado na Operação Quadro Negro, é maior do que o estimado até agora. Segundo os promotores, a Construtora Valor recebeu R$ 54,5 milhões e não R$ 23 milhões, como vinha sendo divulgado até agora. A informação foi revelada nesta terça-feira (23) pelo telejornal Paraná TV 2ª Edição, da RPCTV.
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Contratada pelo governo do estado para construir e reformar escolas, a Valor sequer tirou algumas obras do papel. De acordo com o MP, o custo total dos contratos era de R$ 32,2 milhões. Apesar disso, a empresa recebeu um montante bem maior.
Na portaria que instaurou um procedimento administrativo para investigar o caso, os promotores Alexey Caruncho e Carlos Alberto Shoinski revelam que a Secretaria da Educação pagou para a Valor, entre 2013 e 2015, mais de R$ 54,5 milhões, conforme dados do Portal da Transparência do próprio Executivo estadual.
Os promotores dizem no documento que o montante é muito além do que está sendo investigado no âmbito da Quadro Negro e querem saber em quais obras foi gasta a diferença entre o contratado e o efetivamente pago: mais de R$ 22 milhões.
Em ofício enviado à Secretaria da Educação em 18 de agosto, os promotores deram prazo de dez dias para que a pasta confirme o total de pagamentos feitos à Valor nos anos de 2013, 2014 e 2015. O MP pediu ainda a complementação das informações a respeito das contratações − por concorrência, outra forma de licitação ou por contratação direta −, que indiquem o total de negócios fechados entre a secretaria e a construtora.
Verba federal
Do montante de cerca de R$ 23 milhões que vinha sendo divulgado até agora em repasses do Executivo estadual à Valor, a maior parte – em torno de R$ 19 milhões – era dinheiro do governo federal. Depois que as fraudes foram descobertas, o estado devolveu o dinheiro à União.
Agora, a investigação do MP demonstra que o maior volume de recursos recebidos pela construtora – em torno de R$ 35 milhões − pertence, na verdade, ao próprio governo do estado.



