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O governador Beto Richa e o ex-assessor Marcelo Caramori | Arquivo pessoal
O governador Beto Richa e o ex-assessor Marcelo Caramori| Foto: Arquivo pessoal

Mais de 20 dias após a primeira prisão de Marcelo "Tchello" Caramori – suspeito de favorecimento à prostituição de adolescentes - , a rotina de trabalho do fotógrafo e ex-assessor do governo do Paraná em Londrina ainda permanece cheia de lacunas. Apesar de afirmar ter trânsito livre por diversos órgãos estaduais, vários setores do governo negam qualquer relação com Caramori.

A informação oficial repassada pela assessoria de imprensa do governo do Paraná é que Caramori prestava serviços para a Coordenação da Região Metropolitana de Londrina (Comel), cargo para o qual teria sido nomeado em 27 de outubro de 2011, pelo decreto 3.100.

Questionada se o fotógrafo daria expediente na sede da Comel - localizada na Avenida dos Expedicionários, em Londrina - a assessoria de imprensa do Governo disse que a pergunta deveria ser dirigida à coordenação do órgão.

No entanto, Victor Hugo Dantas, coordenador da Comel, negou à reportagem que Marcelo Caramori trabalhava no local e foi enfático ao dizer que o fotógrafo era funcionário da Casa Civile que sua função era acompanhar o governador e secretários em viagens pelo Norte do Paraná.

Mesmo sem se negar a responder os questionamentos da reportagem, Victor Hugo Dantas disse querer entender o motivo pelo qual a reportagem tentava descobrir qual o trabalho de assessor. "O governo tem milhares de funcionários. Eu acho que cada um, e ele [Marcelo Caramori], deva responder pelos seus atos", afirmou.

A informação de Dantas de que Caramori estava lotado na Casa Civil foi confirmada pelo advogado do fotógrafo, Leonardo Vianna, que fez referência ao documento de exoneração que detalha o cargo de "Tchello" como "assessor da governadoria do Estado". "O documento foi assinado pelo chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, e pelo governador Beto Richa (PSDB), em 30 de janeiro", lembrou.

Polícias também negam laços com Caramori

Antes de sua prisão, Marcelo Caramori já era uma figura conhecida entre os profissionais de imprensa londrinense. Além de seus trabalhos como fotógrafo, ele também era conhecido por assegurar trânsito livre em diversas esferas do governo, especialmente as relacionadas à segurança. Além disso, fotos em que "Tchello" aparece vestindo uniformes da polícia eram frequentes em sua página pessoal no Facebook.

Apesar de não falar em nome da polícia, Caramori já esteve presente em algumas apresentações à imprensa na 10ª Subdivisão da Polícia Civil, em Londrina. Além disso, em 2012, "Tchello" se apresentou ao jornalista do JL Fábio Silveira como assessor da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

"Em 2012, pouco antes do primeiro turno da eleição para prefeito de Londrina, essa coluna criticou a gravação de um depoimento pelo delegado-chefe da 10ª SDP, Márcio Amaro, avaliando uma proposta do então candidato Marcelo Belinati (PP) para a segurança. Quem procurou a coluna para defender o delegado foi Caramori, que se apresentou como assessor da Secretaria Estadual de Segurança Pública", explicou Silveira na sua coluna Aparte , publicada nesta quinta-feira (19).

Mesmo assim, a assessoria de imprensa da Polícia Civil negou à reportagem que o assessor tivesse qualquer relação com a entidade nos últimos anos.

A Polícia Militar também foi contatada para dar seu posicionamento sobre as possíveis relações com o fotógrafo, já que ele publicava fotos em que vestia uniformes da PM em seu Facebook. No entanto, a informação repassada à reportagem é de que o porta-voz do Batalhão, capitão Nelson Villa, estava de férias nesta quinta-feira (19) e a tenente Maitê Baldan, interina do cargo, ministrava aulas nesta tarde.

Proximidade com a Polícia Federal

De acordo com a coluna Aparte, no ano passado, Caramori disse a um repórter de um jornal do eixo Rio- São Paulo ter proximidade e acesso a fontes da Polícia Federal.

"Por volta de abril do ano passado, um repórter de um grande jornal do eixo RJ-SP veio a Londrina em busca de informações sobre o doleiro Alberto Youssef, que caiu na Operação Lava Jato. Procurou este repórter e veio à redação do JL. Era ciceroneado por Caramori, sem saber que o fotógrafo era assessor do governo do Estado. Caramori dizia ter proximidade e acesso a fontes da Polícia Federal que poderiam ter informações sobre a relação de outros petistas, além do ex-deputado André Vargas, com o doleiro", relatou o jornalista Fábio Silveira.

A reportagem também procurou a Polícia Federal para comentar o caso. A assessoria de imprensa do órgão informou, por e-mail, que a PF não se manifestará a respeito do assunto.

Receita Estadual

A reportagem também procurou o chefe da Receita Estadual em Londrina, Marcelo Melle, para comentar se existia alguma relação de Caramori com o órgão, já que o delegado José Luiz Favoretto Pereira e o auditor Luís Antônio de Souza, ambos funcionários do órgão, também estão presos por favorecimento à prostituição. No entanto, a informação é de que Melle estava em uma reunião e não poderia atender a reportagem.

Segundo o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Pereira e Souza são suspeitos de envolvimento no mesmo esquema de exploração sexual de adolescentes que Marcelo Caramori. Outro que foi detido pelo Gaeco na mesma operação foi o investigador da Polícia Civil, Jeferson Pereira dos Santos. Até esta quinta-feira (19), ele permanecia preso em Curitiba, segundo a assessoria de imprensa da polícia.

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