O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que negociou com os controladores de vôo grevistas na última sexta-feira (30), afirmou nesta terça-feira (3), que em nenhum momento o governo federal assegurou anistia para os militares. "Não falamos nada de anistia nem hoje e nem na sexta-feira. Ninguém mencionou esta palavra. Só vejo isso nos jornais", disse ele.
Questionado se os controladores de vôo poderiam ser presos, o ministro do Planejamento afirmou que o governo vai investir no diálogo e na tranquilidade. "Não vamos investir em um clima de botar fogo no circo", disse ele. Afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se recusa a conversar e a dialogar com qualquer categoria que seja, mas acrescentou que não é possível fazer uma negociação "complexa em clima de desconfiança". Situação atípica
O ministro do Planejamento disse ainda que a negociação ocorrida na última sexta-feira com os controladores foi feita em meio a uma "situação completamente atípica" e "claramente fora do controle". "Eu fui para garantir um espírito de mais tranquilidade e para que as coisas se acalmassem e que o tráfego aéreo fosse retomado", disse ele. Acrescentou que, por isso, atingiu seus objetivos.
"Nas circunstâncias, foi o que pudemos fazer. Estou muito tranquilo com relação a isso. Era um momento mais grave ainda porque o presidente Lula estava fora do país e tínhamos que tomar medidas graves sem ele. Agora, vamos ouvindo a orientação do presidente da República", disse ele, que tem reunião agendada para a manhã desta terça-feira (3) com Lula.
Segundo Paulo Bernardo, a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é que haja negociação sobre os pleitos do setor - que são a desmilitarização da carreira de controlador aéreo e reajuste salarial. "O governo vai negociar, mas exigimos que haja condição de absoluta normalidade no funcionamento do sistema de tráfego aéreo", disse ele.
Faca no pescoço
O ministro do Planejamento afirmou ainda que as mudanças deverão ser feitas somente depois de ouvir todos os representantes do setor, mas não citou prazos. "Queremos ouvir todas as partes, mas não podemos fazer isso com faca no pescoço e debaixo de ameaça", disse ele. Não informou também se foi marcado um novo encontro.
Bernardo também disse aos representantes dos controladores que seria difícil negociar com "constantes ameaças de retomada de movimento, de fazer greve novamente, de transformar a Páscoa em um inferno". Acrescentou que sentiu dos interlocutores uma "receptividade boa". "Temos condição de continuar bem este diálogo", disse ele.
Os representantes dos controladores aéreos deixaram o local sem falar com a imprensa. Eles optaram por deixar o Ministério do Planejamento pela garagem.



