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Explosão desvia o curso do Rio Tibagi, em setembro: discussão sobre a liberação da Usina de Mauá começou após a obra estar em andamento | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Explosão desvia o curso do Rio Tibagi, em setembro: discussão sobre a liberação da Usina de Mauá começou após a obra estar em andamento| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

A polêmica em torno da construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, no Rio Tibagi, teve um novo capítulo ontem. O relator na Assem­­­­bleia do Paraná do projeto de lei que autoriza a instalação do em­­­preendimento, deputado Reni Pereira (PSB), apresentou parecer contrário à proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e solicitou a devolução da matéria ao governo estadual. Segundo o parlamentar, a obra, que está sendo tocada por encomenda da Copel e da Eletrosul, só poderia ter sido iniciada com a autorização prévia da Assembleia, conforme determina a Constituição Estadual – o que não ocorreu.

Deputados da base governista questionaram a argumentação do parecer. Como todos os membros da CCJ pediram vista do projeto, a votação foi adiada para a próxima semana.

Maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Paraná, a construção de Mauá – que deve custar R$ 1,2 bilhão – foi iniciada em julho do ano passado. Entretanto, o governo do estado só pediu autorização da Assembleia para a instalação da hidrelétrica três meses depois, em outubro. De acordo com o artigo 209 da Constituição do Paraná, "a construção de centrais termoelétricas e hidrelétricas dependerá de projeto técnico de impacto am­­­biental e aprovação da Assembleia Legislativa".

"O Legislativo não pode se prestar a endossar ou consertar algo que começou errado", declarou Reni Pereira. "Talvez por excesso de confiança, o governo acreditou demais na maioria que tem na Casa e achou que pudesse passar por cima dos processos formais." O parlamentar ainda solicitou que uma cópia do projeto seja enviada ao Ministério Público Federal, que poderá tomar as medidas legais em relação ao empreendimento.

Líder do governo na Assem­­­bleia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), afirmou que há má vontade dos deputados em autorizar a construção da usina. Segundo ele, a Constituição Estadual não estabelece a autorização do Legislativo como condicionante para o início das obras e, por isso, a hidrelétrica estaria regular. Apesar de admitir que o projeto foi enviado à Casa com a construção já em andamento, o peemedebista declarou que a matéria demorou quase um ano para começar a ser discutida.

Romanelli revelou que apresentará um voto em separado na próxima reunião da CCJ e irá propor um novo relatório, esse favorável à autorização do empreendimento. "Com certeza, vai haver um embate na comissão, porque temos uma maioria apertadíssima. Como sempre, será uma votação emocionante", previu o líder do governo. "Obras como essa sempre vão causar alguns danos ambientais, mas os benefícios ao Paraná são inegáveis."

Prós e contras

Essa não é a primeira vez que o governo vê ameaçada a construção da usina. Depois de enfrentar 15 ações judiciais movidas por entidades ambientais, a obra foi paralisada em janeiro deste ano, mas acabou retomada em menos de dois meses por decisão da Justiça Federal. Se sofrer um novo revés, a Copel e a Eletrosul correm o risco de não conseguir cumprir o contrato firmado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que prevê geração de eletricidade a partir de janeiro de 2011. A previsão é que a hidrelétrica gere energia suficiente para abastecer 1 milhão de pessoas, o equivalente a duas cidades do porte de Londrina.

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