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Assembleia Legislativa

Governo pode afastar petistas da base aliada

Deputados que se rebelaram contra as ordens do governador devem perder o tratamento privilegiado

Tadeu Veneri votou a favor das emendas que concediam aumento maior; Péricles de Melo não votou, mas o governo não aceitou a sua atitude; Luciana Rafagnin também se absteve na votação das emendas; José Lemos manteve apoio às propostas que concediam reajuste maior; e Élton Welter diz não acreditar em represálias do governo estadual | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo, Albari Rosa/Gazeta do Povo, Pedro Serápio/Gazeta do Povo, Rodolfo Büh
Tadeu Veneri votou a favor das emendas que concediam aumento maior; Péricles de Melo não votou, mas o governo não aceitou a sua atitude; Luciana Rafagnin também se absteve na votação das emendas; José Lemos manteve apoio às propostas que concediam reajuste maior; e Élton Welter diz não acreditar em represálias do governo estadual (Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo, Albari Rosa/Gazeta do Povo, Pedro Serápio/Gazeta do Povo, Rodolfo Büh)

O governador Roberto Requião (PMDB) pretende cumprir a ameaça de tratar como inimigos os deputados da base aliada que votaram a favor de emendas propondo um reajuste maior que 6% ao funcionalismo público. O recado foi dado ontem pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), um dia após a votação que garantiu a aprovação do projeto do governo.

Embora as 17 emendas à mensagem de reajuste, que concediam aumento salarial de 15% a 21% para os servidores, tenham sido derrubadas pela bancada governista, os deputados que se rebelaram contra as ordens de Requião não devem ficar imunes.

Antes da votação do projeto, na semana passada, Requião declarou que os parlamentares que votassem contra o projeto não seriam mais tratados como aliados nem teriam recursos liberados para os municípios que representam. O PMDB, partido do governador, ameaçou até expulsar os deputados do partido que não seguissem a determinação.

A intenção anunciada pelo governador é de cortar o tratamento privilegiado que estaria sendo dado aos aliados. "O deputado que votar de forma diversa da realidade, do que o governo está propondo para o aumento do funcionalismo, será definitivamente considerado fora da bancada de apoio. Não me apareçam mais pedindo audiência e favores especiais para seus municípios, porque estão jogando contra o Paraná", afirmou o governador. "Votem a favor da racionalidade e da decência ou não me incomodem mais", afirmou o governador.

O placar da votação de terça-feira, com 15 votos favoráveis às emendas, 33 contrários e três abstenções serviu para o governo definir como pretende tratar cada parlamentar.

O principal alvo são os deputados do PT. A bancada apresentou cinco emendas ao projeto, mas recuou na hora de votar. Dos cinco petistas, apenas Tadeu Veneri e José Lemos votaram a favor. Luciana Rafagnin, Élton Welter e Péricles Melo se abstiveram de votar. Pedro Ivo Ilkiv votou contra as emendas do próprio partido.

Entre os deputados petistas, até os que se abstiveram de votar – Luciana, Welter e Péricles Melo – foram declarados excluídos da bancada governista. O único que será tratado com "tapete vermelho" no governo será Pedro Ivo Ilkiv, que votou contra as emendas e junto com a bancada governista.

A insistência dos petistas em aprovar emendas com reajuste maior para o funcionalismo, na avaliação de Romanelli, não terá perdão.

Para Romanelli, a bancada do PT tinha conhecimento de que a política do governador é de valorização salarial e que o estado estaria respeitando o limite de gastos previsto em lei. Outro argumento usado pelo líder do governo é que com R$ 35 milhões por mês – valor do impacto do reajuste na folha de pagamento do funcionalismo – o governo poderia investir em outras obras importantes.

Os petistas demonstraram não dar importância aos avisos de Romanelli, que falou em nome do governador Roberto Requião. "Apresentamos cinco emendas que aprimoravam o projeto do governo, mas nos abstivemos porque queríamos aprovar as nossas, mas não as emendas da oposição que eram demagógicas", justificou Péricles Melo, líder da bancada do PT.

O deputado Élton Welter foi outro que não levou a sério a ameaça. "Quero que o Requião diga isso para mim quando eu for falar com ele. Não quero fazer oposição, mas é muito mais fácil", afirmou.

O PPS também terá de resolver um problema interno por causa da votação do reajuste. O presidente estadual do partido, Rubens Bueno, encaminhou por escrito uma determinação para a bancada votar a favor das emendas. Douglas Fabrício e Marcelo Rangel seguiram a orientação, mas Felipe Lucas votou com o governo.

Lucas diz não temer retaliação. "O PPS não fechou questão, só recebi uma orientação, mas como sou funcionário público (médico licenciado) também sei que o aumento nos 8 anos do governo Lula foi de 1%. Não faz sentido aprovar um reajuste maior para o funcionalismo", disse.

Douglas Fabrício critica a postura do colega de bancada porque avalia que o mandato pertence ao partido e votar a favor das emendas seria um gesto de respeito ao PPS e ao funcionalismo público. Rangel afirmou que teria uma conversa ontem com a direção do partido para discutir a possibilidade de punições para Lucas.

No PMDB, o deputado Mauro Moraes salvou a pele ao retirar a assinatura das três emendas que concediam reajustes salariais de 21% para policiais e professores. Moraes foi ameaçado de expulsão caso apresentasse emendas consideradas inviáveis de execução pelo governo.

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