Uma das principais promessas de campanha do prefeito reeleito Beto Richa (PSDB) pode contar com o apoio do governo do estado. A construção do metrô em Curitiba será um dos temas de uma reunião entre representantes das administrações municipal e estadual marcada para a próxima sexta-feira. O encontro no Palácio das Araucárias discutirá as obras prioritárias de mobilidade urbana na capital e região metropolitana, dentro do planos de candidatura da cidade para sediar a Copa do Mundo de 2014.
"Podemos até apadrinhar o metrô", disse o governador em exercício Orlando Pessuti (PMDB). Ele esteve ontem em Brasília para pedir apoio de ministros e da bancada paranaense no Congresso Nacional à candidatura curitibana, além de apresentar sugestões de emendas ao orçamento da União de 2009. O peemedebista adotou um discurso conciliador em relação ao conflito político entre Beto e o governador Roberto Requião (PMDB).
A briga entre os dois começou em 2006, quando Beto apoiou o senador Osmar Dias (PDT) contra Requião no segundo turno das eleições ao Palácio Iguaçu. "Nós não temos o porquê, nem o governador nem o prefeito, de estarmos permanentemente em conflitos", declarou. Pessuti negou que a aproximação seja uma trégua patrocinada por Requião, que está em viagem oficial aos Emirados Árabes e Japão, mas "um trabalho em conjunto sobre um tema específico".
Ele propôs seis investimentos aos parlamentares, avaliados em R$ 2 bilhões e que podem ser transformados em emendas de bancada. Dois deles já fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Usina Hidrelétrica de Mauá (R$ 490 milhões) e a Estrada da Boiadeira (R$ 120 milhões). Também foram indicadas melhorias no Porto de Paranaguá (R$ 103 milhões) e o Programa de Controle de Processos Erosivos (R$ 5 milhões), que beneficiará áreas do Arenito Caiuá, no Noroeste do estado.
A principal proposta, porém, está relacionada à preparação para a Copa. O projeto desenvolvido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano prevê obras de R$ 401,8 milhões para melhoria do tráfego em Curitiba e outras seis cidades da região metropolitana. Ele seria encaixado no PAC da Mobilidade Urbana, gerenciado pelo Ministério das Cidades.
"A idéia básica é construir avenidas em formato de anéis para facilitar a integração do trânsito entre os municípios", explicou o secretário estadual de Planejamento, Ênio Verri. Sobre o metrô, disse que a decisão é política e depende do aval de Requião. Ele admitiu, entretanto, que a proposta geral pode ser alterada a partir de sugestões do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
O presidente do Ippuc, Augusto Canto Neto, também esteve em Brasília. "Não dá para pensar mobilidade sem falar no metrô. Mas temos uma série de outros investimentos pendentes", ressaltou. Ele citou, por exemplo, a modernização do sistema de semáforos da cidade, que consumiria cerca de R$ 30 milhões.
A obra do metrô é estimada extra-oficialmente em R$ 1,6 bilhão metade do investimento seria bancado pelo governo federal, 32% pela iniciativa privada e 18% pela prefeitura. O empreendimento, porém, não está nos planos da União. "Falta o projeto do estudo de viabilidade da obra. Só depois disso é que podemos inseri-lo no orçamento", afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele recebeu Pessuti no ministério à tarde.
A licitação do estudo, avaliado em R$ 5 milhões, está emperrada na Justiça desde maio, devido à reclamação de um dos concorrentes. No ano passado, o deputado federal Ratinho Júnior (PSC) aprovou uma emenda de R$ 700 milhões para a obra, que não foi acatada pelo governo federal pela falta do estudo. Na campanha à reeleição, Beto chegou a prometer o começo das obras para 2009 durante palestra na Associação Comercial do Paraná, mas reviu a própria declaração pouco depois.
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