
Aonde o ministro da Educação, Fernando Haddad, vai, eles vão atrás. Desde o início de agosto, jovens organizados na Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), entidade que faz oposição à União Nacional dos Estudantes (UNE), promovem o que chamam de "Caça ao Haddad". Nas aparições públicas do ministro, pré-candidato à prefeitura de São Paulo, membros do grupo estão lá: fazem barulho e lhe entregam um manifesto pedindo a destinação de 10% do PIB para a educação e não 7%, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE) enviado pelo governo ao Congresso.
O primeiro encontro dos estudantes com Haddad ocorreu em 12 de agosto, na 1.ª Feira Literária de São Bernardo do Campo (SP), na presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Devido à facilidade de acesso ao ministro, os estudantes resolveram repetir a dose. Para embalar as manifestações, até uma paródia do tema do filme Os Caça-Fantasmas foi criada. "Tínhamos preparado o manifesto e o entregamos a Haddad e Lula nesse evento no ABC. Agora que o ministro é pré-candidato a prefeito de São Paulo, com apoio do Lula, está com uma agenda muito cheia. Vimos que era uma maneira eficiente de pressioná-lo e iniciamos a campanha Caça ao Haddad", explica Clara Saraiva, membro da Executiva Nacional da Anel.
Para pressionar, o grupo não largou mesmo do pé do ministro: em 16 de agosto, quando participava de um evento na USP, ele teve de receber o documento mais uma vez. No dia seguinte, num evento sobre educação em Curitiba, o grupo da Anel repetiu a dose. No dia 20 houve o quarto encontro, em Brasilândia, zona norte de São Paulo. Ao receber novamente o texto, o Haddad comentou, como registrado em vídeo que circula na internet: "Esse documento de novo? Já é a quarta vez que vocês me entregam!". No dia 24, a ação foi em Brasília.
A brincadeira de gato e rato não deve terminar tão cedo. Clara diz que a Anel pretende entregar o mesmo manifesto dez vezes. Ainda faltam cinco. A assessoria de Fernando Haddad informou que ele não se importa com a "perseguição" dos estudantes: considera legítima a iniciativa e que faz parte do jogo democrático.



