
Em entrevista publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que o mensalão é "muito maior do que aquilo que acabou sendo objeto da denúncia" ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, ele deixou em aberto a possibilidade de que o Ministério Público Federal (MPF) prossiga nas investigações do esquema.
Uma dessas apurações pode ser a da denúncia de que o ex-presidente Lula autorizou o mensalão. A acusação foi feita pelo publicitário Marcos Valério, o operador do mensalão, em depoimento ao MPF em setembro.
Na entrevista, Gurgel reafirmou que o pedido de possível investigação de Lula deve ser encaminhado por ele para análise da primeira instância do MPF o ex-presidente não tem mais foro privilegiado e uma apuração de sua participação no esquema não poderia ser conduzida pelo procurador-geral da República.
Gurgel ainda destacou, em diversos trechos da entrevista, que desconfia das intenções e das supostas provas que Valério teria contra Lula. Segundo o procurador, o publicitário, quando deu o novo depoimento, em meio ao julgamento do STF, pretendia "melar" o caso. Ou seja, suspender o julgamento para que as supostas provas contra o ex-presidente fossem apreciadas. Gurgel ainda lembrou que, quando a denúncia do mensalão foi apresentada ao STF, não havia elementos provas da participação de Lula.
Já em relação ao ex-ministro José Dirceu, condenado como o chefe do mensalão, Gurgel disse haver "uma série de elementos de prova" que apontam para sua participação no esquema. "Fazia-se um determinado acerto com algum partido e dizia-se: quem tem que bater o martelo é o José Dirceu. Aí, ou ele dava uma entrada rápida na sala ou alguém dava um telefonema e ele dizia: Está ok, pode fechar o acordo", disse Gurgel. "Não é prova direta. Em nenhum momento nós apresentamos ele passando recibo sobre uma determinada quantia ou uma ordem escrita dele para que tal pagamento fosse feito ao partido X com a finalidade de angariar apoio do governo. Nós apresentamos uma prova que evidenciava que ele estava, sim, no topo dessa organização criminosa."



