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O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta segunda-feira (17) que analisará as declarações do publicitário Marcos Valério contra o ex-presidente Luiz Ignácio Lula da Silva depois do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para Gurgel as acusações, se consistentes, poderiam ser usadas em investigações já em curso na primeira instância da Justiça. O procurador disse que Marcos Valério é um jogador e é preciso examinar com cautela as novas denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuídas a ele.

Reportagem da revista "Veja", publicada neste sábado, afirma que Valério tem dito em conversas "com pessoas próximas" que o ex-presidente era o "chefe" da quadrilha responsável pelo mensalão.

"Vamos aguardar a investigação desse julgamento e avaliar com cuidado. O ex-presidente não tem mais prerrogativa de foro. Já temos diversos procedimentos no 1º grau e pode ser examinado lá. Mas nesse momento, o fundamental é a conclusão do julgamento. Claro que são declarações importantes e devem ser avaliadas", disse Gurgel pouco antes do início da sessão do julgamento desta segunda-feira.

Segundo a reportagem, Marco Valério disse que Lula sabia do mensalão e que só foi poupado das investigações por causa de um pacto de silêncio dele, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Disse também que o mensalão movimentou aproximadamente R$ 350 milhões, quase três vezes mais que os números contabilizados com base em dados do STF até o momento, algo em torno de R$ 129 milhões. Para Gurgel, as acusações são importantes, mas devem ser vista com reserva.

"As declarações dele tem que ser sempre tomadas com muita cautela. Não se sabe exatamente que tipo de jogo está sendo feito neste momento. Marcos Valério deixou muito claro que ele é um jogador. É preciso ver, então, que tipo de jogo ele está tramando. Vamos ver exatamente. A grande prioridade pelo menos do Ministério Público é a conclusão desse julgamento. Concluído, a gente vai examinar os outros aspectos. Eu acho que não é bom misturar as duas coisas", disse Gurgel.

O procurador-geral argumenta que as denúncias de Valério não poderão interferir no julgamento. Em resposta a pergunta de um repórter, Gurgel disse que Valério poderia, sim, fazer acordo de delação premiada, mas não para o caso em curso. O procurador afirmou que, em caso de condenação, insistirá na prisão imediata dos réus, entre eles José Dirceu. Gurgel não disse se vai ou não pedir a retenção dos passaportes dos acusados.

"O que eu vou insistir é que nada impede que uma eventual decisão condenatória seja aplicada imediatamente. Eu vou insistir nesse sentido. Será uma decisão da Suprema Corte do país da qual não caberá mais recursos", afirmou.

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