Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Análise

Incertezas marcam o futuro do PSB

Após morte de Eduardo Campos, partido ficou órfão de liderança nacional. Legenda poderá perder parlamentares se mantiver oposição à Dilma

Carlos Siqueira, presidente nacional da legenda: “oposição de esquerda” | Divulgação/PSB
Carlos Siqueira, presidente nacional da legenda: “oposição de esquerda” (Foto: Divulgação/PSB)
João Campos, filho de Eduardo Campos: nome a médio ou longo prazo |

1 de 2

João Campos, filho de Eduardo Campos: nome a médio ou longo prazo

Rodrigo Rollemberg, governador eleito do DF: liderança em ascensão |

2 de 2

Rodrigo Rollemberg, governador eleito do DF: liderança em ascensão

Abalado pela morte trágica do seu principal líder, Eduardo Campos, o PSB foi provavelmente o partido que mais sentiu as turbulências da campanha eleitoral de 2014 e é também a legenda cujo futuro é mais difícil de prever. Neste momento, como afirma seu presidente nacional, Carlos Siqueira, o caminho do PSB é o de uma "oposição de esquerda". "Os eleitores nos colocaram na oposição e assim vamos nos manter", disse o presidente nacional da legenda. "Neste primeiro momento, eles não têm muita alternativa a não ser se colocar dessa forma", avalia o cientista político do Insper Carlos Melo. "A retórica tem que ser oposicionista, mas ao longo do ano que vem muita coisa pode acontecer".

O PSB passou de seis para três governadores, mas conseguiu crescer a bancada no Congresso Nacional: foi de 24 para 34 deputados federais e de quatro para sete senadores. "O partido cresceu, mas tem um problema sério de direção. Há uma parte ligada ao ex-presidente Roberto Amaral e a lideranças no Norte e Nordeste que são petistas. E tem a parte paulista, ligada a Márcio França, e a ala pernambucana, que são próximas ao PSDB", lembra Melo. Para ele, o partido pode até ficar próximo de outros na oposição a Dilma, como PPS e PSDB, mas corre risco de perder parlamentares que, por terem um alinhamento mais à esquerda, podem optar por trocar de legenda – o que é permitido pela legislação eleitoral.

O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira também disse considerar incerto o futuro da legenda, especialmente pelo drama da falta de liderança desde a morte de Campos. "Para ser uma terceira via de fato, o partido precisa de liderança e é disso que o PSB carece. O grande risco nesse momento é voltar a ser apenas coadjuvante. Se for oposição, ser linha auxiliar do PSDB; se voltar a ser governo, se firmar como linha auxiliar do PT."

O cientista político da FGV avalia que os quadros mais promissores do PSB hoje, como Márcio França em São Paulo, Paulo Câmara e Geraldo Júlio em Pernambuco e Ricardo Coutinho na Paraíba, são lideranças estaduais. Talvez o mais promissor para um quadro nacional seja o governador eleito do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. Teixeira lembra também que o filho de Eduardo Campos, João, é um nome promissor, mesmo que no médio ou longo prazo, já que ele tem 20 anos (na semana passada, ele foi nomeado para um cargo na Executiva do PSB pernambucano). "Se em 2016 ele se eleger o vereador mais votado em Recife, por exemplo, ele já ganha projeção", afirmou.

Processo que começa a ser discutido mais intensamente, em grande parte por esforço do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, a fusão não é consenso dentro do PSB. Há integrantes do partido que a defendem, como forma de expandir a legenda e dar uma cara mais clara de oposição. Outros têm receio de que possa ser a desculpa que alguns integrantes, mais alinhados com o PT, procuram para desertar.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.