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Posse dos vereadores de Londrina: tumulto no começo, com lotação do recinto, e indefinição no final | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Posse dos vereadores de Londrina: tumulto no começo, com lotação do recinto, e indefinição no final| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Londrina - A sessão que elegeria o novo presidente da Câmara de Londrina e, conseqüentemente, o prefeito interino da cidade foi muito conturbada. Teve quatro interrupções até as 23 horas de ontem sem que houvesse definição de quem seria o presidente. Até o fechamento da edição, a sessão permanecia suspensa e só seria retomada se fossem definidos os candidatos – que em princípio estavam polarizados pela vereadora Sandra Graça (PP) e Padre Roque (PTB). Como havia muitas negociações e indefinições, a eleição do novo presidente da Casa não tinha hora para acabar e a expectativa era de que entrasse madrugada adentro ou que fosse adiada para hoje.

As discussões sobre quem seria o novo presidente da Câmara foram realizadas em clima tenso. O grupo de Sandra Graça, ligado a Belinati, articulava lançar o vereador Tito Valle (PMDB) como alternativa à presidência. O PMDB inicialmente havia apoiado Sandra, mas por pressão da direção local – ligada ao deputado estadual e ex-candidato à prefeitura Luiz Eduardo Cheida (PMDB) – decidiu retirar a adesão.

A eleição para a presidência da Câmara de Londrina tornou-se importantíssima para o futuro da cidade depois que o prefeito eleito Antonio Belinati teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque suas contas como prefeito, em 2000, foram reprovadas pelo Tribunal de Contas. Como ficou impedido de assumir a prefeitura, quem deve ocupar o cargo, pela legislação eleitoral, é o presidente da Câmara – que seria eleito dentre os vereadores que tomaram posse ontem.

O PP, partido de Belinati, chegou a entrar na Justiça para garantir a posse do vice na chapa, Fernando Nicolau. Mas o pedido foi negado em primeira instância e o partido, devido ao recesso judiciário, não teve como recorrer.

Calor

A definição das chapas que concorreriam à presidência da Câmara dos Municipal de Londrina não foi o único contratempo na posse dos 19 vereadores londrinenses. Logo no início da cerimônia, o excesso de convidados lotou as galerias da Casa. Os 500 lugares disponíveis foram poucos para familiares, amigos e populares que acompanhavam a solenidade.

O calor do recinto, agravado pelo ar-condicionado que não suportou a lotação, só não foi maior do que o tom dos discursos. Sem um presidente definitivo, o vereador Gérson Araújo, de 66 anos, o mais velho entre os eleitos, conduziu a sessão inicial. Após o compromisso de posse, lido por Marcelo Belinati (PP) – que em nome de todos jurou manter a ética e a honestidade no exercício do cargo.

"O Brasil olha para esta nova Câmara e pergunta o que nós, novos vereadores, faremos. O que já fizeram, sabemos. Não podemos tropeçar de novo: temos que honrar esta Casa", disse Rony dos Santos (PTB), em referência aos sucessivos escândalos que atingiram a Câmara no começo de 2008 – tal como a venda da aprovação de projetos de leis a empresários interessados neles.

O vereador reeleito Marcelo Belinati, sobrinho do deputado Antonio Belinati (PP) fez críticas, no discurso, contra a cassação do registro do candidato vencedor nas eleições. Ele recebeu, ao mesmo tempo, vaias do público petista e aplausos dos apoiadores que veem nele um retrato fiel do belinatismo. "Em 508 anos de história é a primeira vez que se pratica um desrespeito com o povo de uma cidade. Esperaram votar e depois jogaram no lixo a vontade do povo de Londrina", afirmou na tribuna.

Logo após os discursos e o anúncio de que não haveria transmissão de cargo para a prefeitura de Londrina, o vereador Araújo anunciou o fim da sessão para o começo da escolha da presidência da Câmara.

Mais um episódio

A disputa pela presidência da Câmara é mais um episódio da indefinição política em Londrina, desde a eleição de Antonio Belinati (PP). O novo presidente da casa assumirá interinamente a prefeitura enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não analisar o recurso extraordinário impetrado por Belinati, depois que o TSE determinou a realização de um novo segundo turno em Londrina. Em férias no litoral do estado, Belinati disse que aguarda o julgamento para fevereiro. Ele não acompanhou a sessão de posse dos vereadores.

Belinati venceu com 51,73% dos votos válidos o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB). Dois dias depois, o TSE impugnou o registro da sua candidatura. Com a decisão final do TSE, o Tribunal Regional Eleitoral deve marcar a realização de um novo segundo turno, desta vez entre os candidatos Hauly e Barbosa Neto (PDT), terceiro colocado.

Colaborou Marcelo Frazão, do Jornal de Londrina

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