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O presidente de Gana, John Kufuor, discursa durante lançamento de programa da Embrapa na África, com Lula ao fundo | Valter Campanato/ABr
O presidente de Gana, John Kufuor, discursa durante lançamento de programa da Embrapa na África, com Lula ao fundo| Foto: Valter Campanato/ABr

Brasília - O governo Luiz Inácio Lula da Silva arrastou pelo menos seis instituições federais para o mundo em desenvolvimento nos últimos anos, a reboque da prioridade de sua política externa às relações Sul-Sul. Desde o início de sua administração, em 2003, representações voltadas para a cooperação foram abertas na América do Sul e na África por organismos como a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A ordem de Brasília é a internacionalização. A determinação tem sido cumprida à risca. Mas por enquanto com estruturas modestas, alocação de poucos funcionários e investimentos espartanos.

Proibida de abrir representações fora do Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro­­­pe­­­cuária (Embrapa) copiou na França, Holanda e Inglaterra o modelo do Laboratório Virtual (Labex) que montara nos Estados Unidos em 1998. Esse mecanismo permite que pesquisadores de alto nível da empresa se integrem aos principais centros de pesquisa agropecuária desses países por até quatro anos sem a necessidade de uma estrutura física própria. "Cada pesquisador no exterior nos custa cerca de US$ 100 mil por ano. Mas, apenas um deles trouxe para a Embrapa 49.900 acessos a recursos genéticos dos EUA. Isso não tem preço", sustentou o assessor de Relações Internacionais da Embrapa, Elísio Contini.

O custo da internacionalização da Embrapa alcança US$ 2 milhões. Três técnicos atuam em Gana para promover cooperação na área de produção de alimentos para os países interessados na África. Os que agarraram essa oferta foram Moçambique e Mali. A Embrapa trabalha na criação de um centro de pesquisa similar em Angola. No início de 2010, a empresa levará esse modelo de cooperação à Coreia do Sul, para atender a Ásia, e para o Panamá, para cobrir a América Central.

Segundo o embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário de Assuntos Políticos do Itamaraty, a internacionalização de instituições federais é reflexo do aumento do comércio do Brasil com o mundo em desenvolvimento e a inexistência de canais fluidos e consistentes de cooperação com esses países. "Muito se diz que essa orientação é ideológica, mas ela é de ordem prática".

As mais recentes ordens do Planalto, entretanto, tiveram como beneficiária a Venezuela, onde as oportunidades de negócios para a indústria e as empreiteiras brasileiras justificam as vistas grossas do Itamaraty à orientação político-ideológica do governo Hugo Chávez.

Em outubro, Lula inaugurou em Caracas um escritório da Caixa Econômica Federal e comprometeu-se com a instalação de um escritório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Na África, a movimentação da Fiocruz foi consolidada com a abertura de um escritório permanente em Moçambique, para atender especialmente aos países de língua portuguesa. Começou no final dos anos 90 com o projeto de instalação da Fábrica de Medica­­­­mentos de Moçambique e de transferência de tecnologia para a produção de antirretrovirais e outros remédios – atividade que deve iniciar no segundo semestre de 2010.

O investimento na Fiocruz África é estimado em R$ 2 milhões pelo presidente da instituição, Paulo Gadelha.

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