
Em apenas 50 dias de gestão, o prefeito interino de Londrina, Padre Roque Neto (PTB), já nomeou quase tantos servidores comissionados quanto o ex-prefeito Nedson Micheleti (PT) tinha em sua administração, que durou oito anos. Padre Roque já distribuiu cargos de indicação política a 73 aliados. Nedson tinha 80.
O número de funcionários comissionados de Padre Roque foi levantado pela reportagem em pesquisa feita nas 17 edições do Jornal Oficial do Município publicadas neste ano. O total de nomeados por Nedson consta da edição de 31 de julho de 2008.
Desde o começo da semana passada, a reportagem tentou obter as informações sobre os comissionados na prefeitura, mas nem o Núcleo de Comunicação nem a Secretaria de Governo repassaram os dados. A justificativa foi de que, na próxima quarta-feira, um levantamento será enviado à Câmara Municipal, em resposta ao pedido de informações feito pelo vereador oposicionista Joel Garcia (PDT) sobre o assunto (leia mais no texto abaixo).
Administração indireta
Além dos 73 comissionados na administração direta, a prefeitura de Londrina tem ainda outros servidores em comissão nomeados para a administração indireta. Pelo Jornal Oficial, foi possível verificar que foram designadas pelo menos 18 pessoas para órgãos da administração indireta: nove comissionados no Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), quatro no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), quatro na Fundação de Esportes de Londrina (FEL) e uma na Companhia de Habitação (Cohab). A reportagem não conseguiu levantar o número de comissionados em outros órgãos da administração indireta.
A distribuição de cargos comissionados é um reflexo da coalizão que elegeu Padre Roque para a presidência da Câmara Municipal, em 1º de janeiro. Com essa eleição e como o cargo de prefeito estava vago desde a cassação do vencedor das eleições do ano passado, Antonio Belinati, o vereador Padre Roque assumiu o cargo de prefeito interinamente. As articulações pró-Roque foram lideradas pelos deputados federais Alex Canziani (PTB), André Vargas (PT) e Luiz Carlos Hauly (PSDB) e pelo deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB).
Os nichos de Canziani na administração são principalmente o Instituto de Desenvolvimento de Londrina e a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Vargas controla a Cohab, na qual foi mantido no comando Carlos Eduardo Afonseca e Silva que disputou uma cadeira na Câmara Municipal pelo PT. Hauly tem um aliado na Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Servidores Municipais de Londrina. Cheida indicou o secretário de Saúde e o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano.
E pelo menos um representante de partido de oposição foi nomeado na administração: Ulisses Sabino, presidente do PTC. Ele trabalhou em favor da candidatura derrotada da vereadora Sandra Graça (PP) à presidência da Câmara, mas acabou agraciado com um cargo na gestão interina de Londrina.



