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Interpol coloca Maluf na “lista vermelha”

Com a medida, deputado federal pode ser preso se viajar a um dos 188 países signatários da instituição

Página da polícia internacional mostra ficha criminal de Paulo Maluf, que considerou a medida uma “ofensa à soberania do Brasil” | Arquivo/ Gazeta do Povo
Página da polícia internacional mostra ficha criminal de Paulo Maluf, que considerou a medida uma “ofensa à soberania do Brasil” (Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo)

São Paulo - A Interpol (Organização Interna­­­cional de Polícia Criminal) colocou o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) na difusão vermelha a pedido da Justiça de Nova Iorque – o que, na prática, impede que o ex-prefeito de São Paulo deixe o Brasil e passe por qualquer um dos 188 países que são signatários da organização polícial internacional.

A difusão vermelha é o alerta máximo da Interpol e limita os deslocamentos do alvo. Se ingressar em território que integra a comunidade policial, Maluf pode ser imediatamente detido. Para derrubar essa restrição, os advogados do ex-prefeito apresentaram em fevereiro medida que visa excluí-lo da lista da Interpol.

Segundo o promotor Silvio Mar­­­ques, do Ministério Público Esta­­­dual de São Paulo, o Grande Júri de Nova Iorque – que já tinha indiciado Maluf em 2007 por transferência de recursos de origem ilícita e roubo de fundos pú­­­­blicos – pediu a in­­­clusão do deputado na "lista vermelha" da In­­­­terpol no fim do ano passado.

O promotor lembrou que, apesar de o Brasil ser signatário da In­­­terpol, Maluf não pode ser preso no país para ser levado aos Estados Unidos. "Para ele ser preso, os Es­­­ta­­­­dos Unidos teriam de pedir a extradição, e a Constituição impede a ex­­­tradição de brasileiro nato", ex­­­­plicou. Com isso, Maluf poderá per­­­­­­­­­manecer no Brasil – onde suas ações penais aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) –, mas está impedido de ir ao exterior.

As ações contra Maluf no Brasil estão sob análise do ministro do STF Ricardo Lewandowski. Segun­­­do Marques, elas prescreverão se não forem julgados até daqui aproximadamente um ano.

O ex-prefeito de São Paulo seria beneficiário da conta Chanani, nos Estados Uni­­­dos. Em1998 ele teria feito 15 transferências so­­­­man­­do US$ 11,68 milhões para Cha­­­­nani que, segundo a denúncia, ser­­­viu de ponte para remessas ao paraíso fiscal da Ilha de Jersey. O processo também aponta Maluf co­­­­mo artífice de suposto esquema de superfaturamento de obras na prefeitura.

Outro lado

Maluf nega categoricamente a prática de desvios em sua gestão. Destaca que o Tribunal de Contas do Município aprovou todos os anos da administração. Afirma que nunca teve recursos no exterior. Segundo a assessoria jurídica do deputado Paulo Maluf, a inclusão do nome dele na difusão vermelha da Interpol é "uma ilegalidade por parte da promotoria estadual norte-americana e verdadeira afronta à soberania do Brasil e do Congresso", se referindo ao fato de Maluf estar em um cargo eletivo.

"Seria o mesmo que um promotor de Justiça estadual de qualquer estado brasileiro, a exemplo do que fez a promotoria do Estado de Nova Iorque, enviar à polícia internacional o nome de um parlamentar norte-americano proibindo-o de viajar sob pena de prisão", se­­­­gundo nota divulgada ontem.

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