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Administração

Ippuc está perdendo poder político

Instituto municipal é referência no planejamento de Curitiba

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), referência das inovações urbanísticas criadas na capital paranaense e berço de importantes administradores da cidade, vem perdendo a relevância política que tinha entre os anos 70 até o final dos 90.

Três ex-prefeitos de Curitiba (Jaime Lerner, Rafael Greca e Cassio Taniguchi) saíram ou passarem pelo Ippuc. Greca é concursado do órgão. Já Lerner e Taniguchi presidiram o instituto antes de ser tornarem chefes do Executivo municipal.

Nos últimos anos, seja pela necessidade de deixar um pouco de lado as questões urbanística para priorizar a área social, seja por uma visão diferente de planejamento da cidade, o Ippuc perdeu poder nas ações do município e, conseqüentemente, perdeu pessoal. Dos 330 funcionários do órgão, apenas 150 trabalham hoje na bela construção no bairro Juvevê, onde fica a sede do Ippuc. Outros 180 técnicos estão cedidos a outros órgãos da prefeitura de Curitiba ou a outras administrações municipais e até ao governo do estado.

A relevância do Ippuc para a escolha de um candidato à prefeitura de Curitiba era tanta que, ao entrar em pauta a decisão para saber quem sucederia Rafael Greca nas eleições de 1996, a disputa no bloco de situação ficou entre três representantes do instituto. Cassio Taniguchi e Carlos Eduardo Ceneviva, que também foi presidente da instituição, eram os preferidos de Lerner. Canto Neto corria por fora, tendo o apoio da gestão da época. Taniguchi foi o escolhido.

A criação da secretaria municipal de Planejamento, em 2005, pelo prefeito Beto Richa (PSDB), foi outra ação interpretada como causa do esvaziamento do Ippuc. Em 1991 a lei que tratava da reforma administrativa deu ao Ippuc a possibilidade de elaborar os orçamentos Plurianual e Anual de Investimentos da prefeitura, agora tratados na nova secretaria.

Criador

O instituto foi criado em 1965 pelo então prefeito Ivo Arzua. Na opinião do criador, é pela falta de acompanhamento e integração de quem planejou qualquer ação "que muitos planos ficam engavetados". "Os encarregados de executá-los não os conhecem e não acreditam neles", diz Arzua.

Vários ex-prefeitos de Curitiba admitem que o Ippuc passou por um processo de esvaziamento nos últimos anos.

Todos eles, no entanto, jogam as responsabilidades para os sucessores. Já na opinião de Ivo Arzua, o órgão não perde relevância nunca, "mas atualmente não faz o que foi criado para fazer".

Segundo Arzua, as ações do Ippuc estão fragmentadas e não há um plano integrado. "Não se pode apenas pensar em obras faraônicas e de embelezamento para turistas. Tem que se pensar em integrar planos para saúde, educação e habitação. A sociedade civil precisa participar e o instituto deve ser democrático", diz.

Já Cassio Taniguchi (DEM), que atualmente atua como secretário de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal, diz que o Ippuc perdeu muito mais do que relevância e força política. Perdeu gente. "A secretaria municipal de Planejamento assumiu funções que seriam do instituto. E há a perda da massa crítica, dos técnicos, o que é muito pior. O Ippuc ficou relegado a um segundo plano, sem visão estratégica", disse o ex-prefeito.

De acordo com Taniguchi, sem esse planejamento e direcionamento da cidade, Curitiba está perdendo espaço como município vanguarda. Ele diz que é preciso voltar a dar atenção ao Ippuc para que Curitiba seja vista como um organismo vivo, que tem futuro.

O ex-prefeito Rafael Greca, que atualmente é presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), conta que quando administrava o município, passava pelo menos três dias trabalhando no Ippuc. "Não quero falar mal da minha casa, afinal sou concursado do Ippuc. Mas falta ao instituto fazer planejamento metropolitano da cidade. O território do município está exaurido. O Ippuc precisa ser capaz de pensar isso.", disse.

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