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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que irá contestar juridicamente a tese de que os executivos que admitiram o pagamento de propina tenham sido forçados a participar do esquema de fraude de licitações que está sendo investigado pela Polícia Federal. "Vamos combinar que nessa situação não existem néscios e nem papalvos [não existem ignorantes e nem patetas]", disse o procurador.

"É muito difícil acreditar que atividades empresariais dessa estatura possam ter sido alvo de concussão e uma que as levasse à fraude a licitação, divisão de mercado e um lucro excelente como resultado. Ninguém é obrigado a ganhar dinheiro e a lucrar com uma atividade ilícita. É uma tese que nós contestaremos juridicamente", completou.Ele repetiu que está esperando o resultado de todas as delações para "ter uma noção de contexto e conjunto e estabelecer a estratégia do Ministério Público".

Sobre a natureza do que foi dito até o momento nos acordos com a Polícia Federal, ele afirmou que "as delações têm conteúdo".Ele também salientou que, além das prisões que devem acontecer por causa desse processo, um outro desdobramento deve ser uma reforma política. "É isso que eu aposto que vai acontecer. Quantidade de partidos, financiamento, fidelidade partidária: temos que alterar a estrutura do sistema político brasileiro que se mostrou vencido, enferrujado, que não produz mais efeitos".

Janot está em Buenos Aires, onde deve ficar até a sábado (22), para um encontro de procuradores do Mercosul. Ele contou que foi fechado um acordo para formar um grupo entre Brasil e Argentina para investigar violações de direitos humanos.

Advogado de Youssef nega extorsão

O advogado Tracy Reinaldet negou nesta quinta-feira (20) que seu cliente, o doleiro Alberto Youssef, tenha extorquido executivos de empreiteiras em troca de contratos com a Petrobras.

Segundo o advogado Marcelo Leonardo, que defende o vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, seu cliente teve de depositar R$ 8 milhões em contas abertas em nome de empresas de Youssef. A propina seria necessária para "liberar" pagamentos aos quais a empreiteira teria direito por obras realizadas ou em andamento."Essa acusação [extorsão] nem existe formalmente contra o Youssef. Eu posso dizer que ele nunca fez extorsão contra ninguém. Quem conhece Alberto Youssef sabe que isso não é do feitio dele", disse Tracy.

O advogado disse ter se reunido com o doleiro, na manhã desta quinta-feira (20), mas negou que ele tenha prestado depoimento. "Foi uma conversa dele com nossa equipe de defesa, sem a presença de delegados."

Mais cedo, a assessoria da PF informou que o doleiro e outros três executivos iriam prestar depoimento - os nomes dos escolhidos para depor não haviam sido informados.

Estão detidos na PF de Curitiba 13 pessoas, entre eles os presidentes da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, e da UTC, Ricardo Pessoa, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.

Todos eles estão sendo investigados na Operação Lava Jato, ação deflagrada em março e que já se estendeu por sete fases.

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