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Saia-justa

Jobim causa mal-estar com o PT ao admitir voto em Serra

Michel Temer tenta minimizar a declaração do ministro e diz que Dilma já sabia do voto do peemedebista nas eleições de 2010

“Eu votei no Serra. (...) [A relação] azeda quando você esconde. Eu não costumo fazer dissimulações, então não tenho dificuldades.” Nelson Jobim, admitindo seu voto em 2010 e dizendo que não escondeu o fato da presidente Dilma Rousseff | Leslie E. Kossoff/AFP
“Eu votei no Serra. (...) [A relação] azeda quando você esconde. Eu não costumo fazer dissimulações, então não tenho dificuldades.” Nelson Jobim, admitindo seu voto em 2010 e dizendo que não escondeu o fato da presidente Dilma Rousseff (Foto: Leslie E. Kossoff/AFP)

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), minimizou ontem as declarações do ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), que revelou ter votado no tucano José Serra para a sucessão presidencial de 2010. Serra foi o principal rival de Dilma Rous­seff na campanha do ano passado. De acordo com Temer, a revelação não coloca em risco o cargo de Jobim. "A franqueza dele não altera a posição dele no governo", garantiu.

Durante inauguração da ponte Governador Orestes Quércia, em São Paulo, Temer contou que não se surpreendeu com as declarações que o ministro da Defesa deu à Folha de S.Paulo e que criaram um mal-estar entre PT e PMDB. "O Jobim é muito franco. Ele disse uma coisa verdadeira, que ele já havia me contado e que já havia dito à presidente Dilma Rousseff. Ele é um quadro muito valoroso do PMDB e faz um trabalho excepcional no Ministério da Defesa", enfatizou.

O peemedebista lembrou a divisão interna do partido durante a campanha presidencial de 2010. Em alguns estados, como São Paulo, o PMDB apoiou o candidato do PSDB e, em outros, como no Rio de Janeiro, esteve no palanque de Dilma. "Nem todos os peemedebistas votaram na chapa", reforçou. Segundo Te­­mer, a importância de Jobim no governo supera o fato dele ter votado contra a orientação do PMDB nacional. "A grande maioria votou na chapa Dilma/Temer. Outros tiveram dificuldades, mas foram compreendidos", disse.

Superada as divergências internas, o vice-presidente disse que o PMDB vive agora um momento diferente da época do ex-governador Orestes Quércia, um dos líderes peemedebistas que mais resistiu à coligação com o PT de Dilma Rousseff. "Hoje o PMDB é um partido unidíssimo", frisou.

Um dos petistas que criticaram a declaração de Jobim foi o deputado federal André Vargas (PT-PR). Para ele, Jobim, que já foi ministro no governo Lula, deve pensar que "não há outro ministro de Defesa possível’’. Líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), disse "estranhar’’ a declaração de Jo­­bim. "Com tanta coisa para cuidar, estranho a declaração dele querendo pautar em quem votou’’. E finalizou: "Ele não faz de graça’’.

Ministro de FHC e Lula, Jobim perdeu espaço na gestão Dilma e já confidenciou que não pretende ficar até 2014.

A afirmação do ministro foi ironizada por integrantes de sua própria legenda, como Eduardo Cunha (RJ). No Twitter, ele disse: "Descobriram o grande segredo da política brasileira: Jobim votou no Serra e não na Dilma. Daqui a pouco vão descobrir que o Aécio [Neves] votou na Dilma e não no Serra’’.

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduar­do Alves (RN), disse que Jobim está no seu direito de cidadão e eleitor e que todos sabem que parte do partido votou em Serra: "Apenas lamentamos".

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