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Embora sem citar as comissões parlamentares de inquérito (CPIs), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, reclamou da forma como são feitas as investigações no país. Em discurso na reabertura dos trabalhos do Judiciário, Jobim disse que os direitos individuais devem ser preservados e lamentou a quebra de direitos em nome do terrorismo nos Estados Unidos, fazendo um paralelo com o que ocorre no Brasil.

- É lamentável a quebra de garantias em nome do combate ao terrorismo. Lá e cá há investigações intermináveis, inquisições, invasão de privacidade. Não queremos a barbárie em nome de interesses superiores do Estado - afirmou o ministro para uma platéia que incluía os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Aldo Rebelo.

Jobim também reagiu às críticas de que o tribunal estaria trabalhando sob pressão, intensificadas depois que ele suspendeu a quebra do sigilo, determinada pela CPI dos Bingos, do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo do presidente Lula. Na terça-feira, o STF suspendeu também a quebra de sigilo de outro depoente da CPI dos Bingos, o empresário de Ribeirão Preto Roberto Carlos Kurzweil.

- O STF nunca se curvou ou se curvará a esse tipo de patrulha - disse Jobim, afirmando que o STF deve atuar em cumprimento à Constituição, e não pressionado por governo ou opinião pública.Jobim defendeu em seu discurso a governabilidade, independentemente de interesses partidários, e admitiu que sua atuação no STF está chegando ao fim. Em outras ocasiões, Jobim anunciou que se licenciará do tribunal em março para participar mais ativamente do processo eleitoral deste ano. Durante o discurso, ele fez declarações típicas de candidato, referiu-se ao povo como "brava gente brasileira" e disse que a população sempre precisará do direito e da Justiça.

A quebra dos sigilos já tinha sido aprovada pela CPI dos Bingos mas foi suspensa por decisão liminar de Jobim, que considerou que a comissão está atuando fora do motivo para o qual foi criada:

Em novo requerimento, a comissão pretende apresentar uma "justificativa mais fundamentada" para a investigação. Os parlamentares não concordam com a restrição imposta pelo tribunal.

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