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BRASÍLIA - Os jornalistas Chico Otávio, do GLOBO, e Fernando Rodrigues, do UOL, destacaram em audiência na CPI do HSBC no Senado, nesta quinta-feira, que os dados que vêm sendo divulgados sobre brasileiros com conta na Suíça podem ajudar a desvendar outros crimes em apuração. O caso é chamado de ‘Swissleaks’ e os profissionais que participam do consórcio internacional tiveram acesso aos dados de contas de uma agência de Genebra do HSBC. As informações foram recolhidas por um ex-funcionário do banco e repassadas ao governo da França em 2008.

— Além da questão tributária, essas nossas descobertas podem ajudar as autoridades do Judiciário e policiais a dar sequência a casos que ficaram inconclusos. É uma contribuição que a reportagem está dando — destacou Chico Otávio.

A lista tem 8.667 brasileiros que teriam movimentado cerca de US$ 7 bilhões. O Brasil é o quarto país com mais clientes. Os dados dizem respeito aos anos de 2006 e 2007. O jornalista Fernando Rodrigues afirmou que não pode repassar as informações totais à CPI e destacou que o melhor caminho para a investigação parlamentar seria solicitar as informações ao governo francês, que já repassou dados a outros países.

— A CPI tem a obrigação de buscar todo o acervo. Os dados foram retirados do HSBC de uma maneira, no mínimo, heterodoxa, mas acabou se oferecendo ao governo francês e o governo deve ter homologado ou dado como íntegros e é isso que interessa. O que interessa a essa CPI e ao estado brasileiro é obter os dados com chancela legal, que assim poderão servir para, quem sabe, processos judiciais — afirmou o repórter do UOL.

Os jornalistas destacaram que as reportagens sobre o tema levam em conta critérios como se as pessoas citadas são personalidades públicas ou ligadas a algum escândalo já conhecido. Fernando Rodrigues observou que das mais de 100 já divulgadas, apenas quatro apresentaram documentos para comprovar a declaração das contas.

O repórter do UOL relatou que em setembro de 2014 foi repassado ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma amostra da lista, com cerca de 3% dos nomes de brasileiros envolvidos. Segundo Rodrigues, nada foi feito. Ele reclamou ainda que em fevereiro deste ano essa parte da lista acabou sendo vazada com selo da Receita Federal. O jornalista afirmou que os órgãos de controle não teriam ido imediatamente em busca das informações. Segundo ele, somente nesta semana o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) teria pedido formalmente os dados a autoridades francesas.

Parlamentares defenderam a quebra de sigilo de personagens já identificados pelas reportagens como titulares de contas na Suíça. Requerimentos terão ainda de serem votados. Entre eles Terezinha Maluf, irmã do deputado Paulo Maluf (PP-SP), Henry Hoyer, um dos operadores do PP na Operação Lava-Jato, e integrantes da família Queiroz Galvão, que controlam as empreiteiras Queiroz Galvão e Galvão Engenharia.

Os jornalistas ressaltaram que a posse de conta na Suíça não significa em si a prática de um crime. Os brasileiros da lista, porém, precisam ter declarado a conta à Receita Federal e a remessa de valores ao exterior ao Banco Central.

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