A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público Estadual (MP) por duplo homicídio qualificado contra o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho. Com a decisão, do juiz da 2.ª Vara do Tribunal do Júri, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, Carli Filho torna-se oficialmente réu e deve ser julgado pelas mortes de Gilmar Rafael de Souza Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20. Os dois jovens morreram em virtude de um acidente de trânsito provocado pelo ex-deputado, que dirigia embriagado e em alta velocidade, na madrugada de 7 de maio, no bairro Mossunguê, em Curitiba.
No despacho em que acatou a denúncia do MP, o juiz afirma que "a materialidade dos fatos narrados restou comprovada" e que pelos depoimentos testemunhais "é possível extraírem-se suficientes indícios de que a autoria do fato realmente recai sobre a pessoa de Luiz Fernando Ribas Carli Filho".
No texto, Avelar também determina a citação do réu para responder à acusação, por escrito, dentro de dez dias. Caso o prazo não seja cumprido pelo ex-deputado, a Defensoria Pública será intimada para apresentar a defesa preliminar de Carli Filho. O prazo para a defesa preliminar, que será feita por escrito, começa a valer na data em que o ex-deputado receber oficialmente a citação, que deverá ser feita por um oficial de Justiça de Guarapuava, na região central do Paraná.
O juiz, no despacho, também mandou anexar nos autos do processo do acidente os antecedentes de Carli Filho na comarca de Guarapuava, município no qual ele vive.
O advogado Roberto Brzezinski Neto, que representa Carli Filho, está em viagem ao Mato Grosso e foi informado pela reportagem sobre a decisão da Justiça. "Eu preciso me inteirar do que foi decidido antes de me pronunciar. Tão logo tenha acesso à decisão emitirei uma opinião", afirmou, por telefone.
Já o advogado Elias Mattar Assad, que representa a família Yared, disse que o juiz, no despacho, foi "sóbrio e sereno". "Foi instaurado o processo criminal. Agora vem a fase defensiva. Vamos saber o que o ex-deputado alega sobre o acidente. Ele pode manter a versão de que não lembra nada, por causa da pancada na cabeça, ou pode dizer fatos novos", disse.
Caso Carli Filho seja condenado por todos os crimes a que ele agora responde oficialmente, poderá receber pena de prisão entre 15 e 30 anos. Por se tratar de homicídio qualificado, crime considerado hediondo, caso ele seja condenado deverá cumprir pena inicialmente em regime fechado. O ex-deputado também poderá ter o direito de dirigir suspenso por prazo entre dois meses e cinco anos.
Alta velocidade e álcool
O MP havia protocolado a denúncia contra Carli Filho no dia 26 de agosto. Além de ser denunciado por duplo homicídio, o ex-deputado também é acusado de dirigir embriagado e com a carteira de habilitação suspensa.
Os promotores Danuza Nadal e Marcelo Balzer Correia denunciaram o ex-parlamentar por homicídio qualificado por entender que as vítimas não tiveram chance de defesa. Carli Filho também foi denunciado por homicídio com dolo eventual ou seja, quando a pessoa não tem intenção de matar mas assume o risco de colocar vidas em perigo (no caso, o ex-deputado se embriagou e ainda assim dirigiu em alta velocidade).
Na denúncia, o MP destaca a alta velocidade em que o ex-deputado dirigia no momento do acidente. Laudos do Instituto de Criminalística apontaram que Carli Filho estava entre 161 km/h e 173 km/h, muito acima do limite de velocidade para a via em que ele transitava na hora do acidente, cujo máximo permitido é 60 km/h. Em razão do impacto violento da colisão, as duas vítimas sofreram traumatismos múltiplos.
A denúncia do MP, por sua vez, foi baseada nas investigações do delegado Armando Braga de Moraes, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran).
Assista abaixo à simulação produzida pela Polícia Científica que mostra como foi o acidente envolvendo o deputado Carli Filho. Clique em "play" e aguarde o carregamento do vídeo
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