
A Justiça Federal decretou em caráter liminar o bloqueio de R$ 14,12 milhões do empresário Marcos Valério e de outros 11 acusados entre eles três delegados da Polícia Federal e quatro advogados. Condenado a 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, Valério responderá agora por improbidade administrativa sob acusação de coordenar, em 2008, um esquema de espionagem, fraude e ameaças contra dois fiscais de rendas do estado de São Paulo que pretendiam aplicar multa de R$ 95 milhões à cervejaria de um amigo dele, Walter Faria.
A juíza Anita Villani, da 1.ª Vara Federal, em Santos, decretou ainda a quebra do sigilo fiscal e bancário de Valério e seus parceiros. A ação de improbidade é um desdobramento do processo criminal da Operação Avalanche, da Polícia Federal. O cálculo do valor bloqueado foi feito a partir do que seria pago aos federais pelo inquérito forjado, R$ 3 milhões, acrescido do valor referente ao enriquecimento ilícito e multa.
Entre as provas, estão ligações que foram grampeadas pela inteligência da PF, em 5 de junho de 2008, com conversas de dois advogados. Um deles diz: "Ele (Valério) quer dinheiro, né?" Chamam Valério de "coordenador" do golpe. Em escuta de 2 de julho, Ildeu Pereira, advogado, pergunta a Valério sobre o andamento das negociações. "Correu tudo bem aí, né?". O condenado do mensalão responde. "Eu não sou o anjo do mau agouro meu amigo".
Para o procurador Andrey Mendonça , "esse diálogo demonstra a capacidade de comando de Marcos Valério".
Novo imóvel
Mesmo com os bens do empresário bloqueados, a família de Marcos Valério se mudou da casa em que morava na região da Pampulha, em Belo Horizonte, e comprou um apartamento que ocupa uma andar inteiro, no mesmo bairro. Segundo o jornal O Globo, Valério pagou R$ 100 mil de entrada e dará mais R$ 1 milhão no registro da escritura. O imóvel será ocupado pela filha e pela ex-esposa dele. Desde o ano passado, Valério mora em um flat. A Procuradoria-Geral da República em Brasília informou desconhecer se esse negócio da família será averiguado e disse que, se isso ocorrer, será tarefa da Procuradoria em Minas Gerais.



