
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, negou ontem os pedidos de acesso à delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa feitos pela CPI da Petrobras no Congresso, pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Petrobras. O juiz justificou que a delação é protegida por sigilo e será anulada caso seu teor seja conhecido antes da conclusão do processo. A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que atua na Lava Jato, responsável pelo acordo, havia sido contrária à liberação da delação. De acordo com Moro, as revelações de Costa poderão vir a público no futuro.
"O momento atual, quando o suposto acordo e os eventuais depoimentos colhidos sequer foram submetidos ao Juízo, para homologação judicial, não permite o compartilhamento, sem prejuízo de que isso ocorra no futuro", justificou Moro na decisão.
O ex-diretor, preso na sede da Polícia Federal (PF) de Curitiba, decidiu contar o que sabe sobre desvio de recursos na Petrobras em troca de uma pena menor. Segundo reportagens divulgadas pela imprensa, ele teria citado o nome de três governadores e de dezenas de parlamentares da base aliada da presidente Dilma Rousseff que recebiam propina do esquema. Os pedidos de acesso aos depoimentos de Costa foram formulados após a imprensa ter divulgado essas informações. Na semana passada, ele esteve numa sessão da CPI, mas nada falou.
Sem acesso à delação, integrantes da CPI começaram ontem a se articular para convocar outros dois ex-diretores da Petrobras que, segundo reportagens deste fim de semana, também teriam sido citados por Costa como envolvidos em irregularidades na estatal: Nestor Cerveró (ex-diretor de serviços internacionais) e Renato Duque (de serviços e engenharia). Cerveró foi uma indicação do PMDB para a Petrobras e Duque, do ex-ministro José Dirceu.
Contadora
Apesar de negar o acesso à delação de Costa, o juiz Sergio Moro liberou para a CPI o acesso ao depoimento da contadora Meire Pozzo, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef outro investigado pela Lava Jato. A contadora relatou que Youssef recebeu de empreiteiras por serviços de consultoria que não prestou.



