
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu nesta quinta-feira (19), que tratou de vazamentos da Operação Lava Jato na audiência que teve no último dia 5 com advogados da empreiteira Odebrecht. Os defensores da empresa reclamaram dos vazamentos e disseram avaliar que o inquérito que trata do caso não estava correndo como deveria na Polícia Federal, instituição subordinada ao ministério. Cardozo negou ainda que tenha havido qualquer pedido de interferência nas investigações.
O ministro disse que, no encontro com os advogados, pediu que a empresa formalizasse as reclamações em uma representação o que foi feito na sequência. "A empresa Odebrecht disse que ao longo da Lava Jato havia vazamentos ilegais que atingiam a empresa e que isso qualificava clara ofensa à lei", afirmou o ministro. Quando aconteceram os primeiros vazamentos de conteúdo das delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, no ano passado, Cardozo anunciou que abriria uma investigação para apurar o caso.
A Odebrecht levou ainda uma segunda reclamação ao ministro, que Cardozo não divulgou alegando estar sob segredo de justiça. O ministro informou que encaminhou a queixa ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. A reportagem apurou, porém, que os advogados da Odebrecht apresentaram duas representações ao ministério questionando a cooperação entre a Suíça e o Brasil para apurar o esquema de corrupção que tem a Petrobras como alvo central.
Cardozo também negou que no encontro tenha ocorrido qualquer solicitação para criar obstáculos à Operação Lava Jato. "Em nenhum momento tocou-se na possibilidade de o governo ajudar na libertação de presos", disse Cardozo. Ele ainda disse que a reunião com a Odebrecht foi registrada em ata e consta de sua agenda pública. Problemas na divulgação da sua agenda, noticiados pela imprensa, foram justificados por Cardozo como um "erro do setor de informática".
Ele também disse ser rotineiramente procurado por advogados para tratar de questões ligadas ao ministério e que recebê-los é sua obrigação. O ministro ainda admitiu ter tido um encontro com o advogado Sérgio Renault, da UTC (outra empreiteira investigada). Mas disse que o encontro foi casual.
CPI na semana que vem
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu instalar a CPI da Petrobras só no final fim da próxima semana. Os partidos terão até as 12h da próxima quinta-feira (26) para concluir a indicação dos 27 membros da comissão.



