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Lava Jato investiga compra de turbinas para termoelétricas no governo FHC

Inquérito foi instaurado dez meses depois de caso ser relatado por Nestor Cerveró, que fez acordo de delação premiada

Fernando Henrique Cardoso, em visita a Foz do Iguaçu em 2013 | Christian Rizzi/Gazeta do Povo/Arquivo
Fernando Henrique Cardoso, em visita a Foz do Iguaçu em 2013 (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo/Arquivo)

A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para apurar denúncias envolvendo a aquisição de termoelétricas pela Petrobras entre 1999 e 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), envolvendo as empresas Alstom/GE e NRG.

A investigação tem como ponto de partida informações prestadas em depoimentos realizados há dez meses pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que fez acordo de colaboração premiada com os investigadores. A apuração é presidida pelo delegado Roberto Biasoli, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.

Cerveró já havia envolvido o nome de FHC, que governou o país de 1995 a 2002, em depoimento. Segundo ele, por orientação do ex-presidente da estatal Philippe Reichstul, fechou negócio com uma empresa vinculada a Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente, entre 1999 e 2000.

Em depoimento, o ex-diretor relatou que o senador Delcídio Amaral (agora sem partido, mas que já foi de PSDB e PT) recebeu suborno de US$ 10 milhões da multinacional Alstom na época em que ocupava a diretoria de Óleo e Gás da Petrobras.

Os recursos seriam referentes ao pagamento por turbinas compradas no âmbito do programa de construção de termoelétricas, considerado prioritário em função da crise de energia ocorrida à época, que ficou conhecida como “apagão”.

Cerveró disse ter sido informado sobre a propina para Delcídio por Afonso Pinto Guimarães, representante da vendedora de turbinas para a Petrobras. Segundo o representante, o pagamento teria sido realizado por meio de José Reis, que na época era executivo da Alstom. O mesmo Guimarães teria negociado uma propina que custou entre US$ 600 mil e US$ 700 mil, pagos a Cerveró em uma conta na Suíça.

Em depoimento prestado também em meio a um acordo de delação premiada, Delcídio negou ter recebido propina referente ao contrato. Ele admitiu conhecer José Reis. “Os colaboradores deduziram que teria recebido pelo simples fato de ter assumido a diretoria de gás e energia ao tempo da execução do contrato”, alegou o ex-senador.

A primeira empresa a negociar o pagamento para construção e exploração de termoelétricas foi a ABB, em 1999, posteriormente adquirida pela Alstom, depois adquirida pela GE. Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato, Cerveró cumpre pena em regime domiciliar desde junho deste ano. A GE informou que não comenta o caso.

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