Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Contas públicas

LDO é aprovada e governo “salva” investimentos no PAC

Planalto cedeu em vários pontos para garantir investimentos na principal vitrine governamental

Lei que orienta gastos do ano que vem só foi aprovada após um dia de intensas negociações entre governistas e oposição | Brizza Cavalcante/Ag. Câmara
Lei que orienta gastos do ano que vem só foi aprovada após um dia de intensas negociações entre governistas e oposição (Foto: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara)

Brasília - O Congresso conseguiu aprovar na noite de ontem a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2010 depois de um dia de intensas negociações entre governo e oposição. Ao final, os parlamentares da base aliada garantiram ao Palácio do Planalto uma importante vitória: a possibilidade de retirar os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da conta para o pagamento de juros da dívida pública. A medida vai valer justamente em ano de eleição presidencial, na qual a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, terá o PAC como principal cartão de visitas.

A oposição, por sua vez, impediu que o governo incluísse um mecanismo na Lei que daria liberdade para investir mesmo sem a aprovação do Orçamento até o final do ano. Só não impediu que o governo colocasse um total de quase R$ 6 bilhões em créditos suplementares para gastar. Isso inclui R$ 119 milhões para a reforma do Palácio do Planalto.

O governo mostrou-se resistente a fazer um acordo com a oposição durante boa parte do dia, o que inviabilizaria a votação, como ocorrido na terça-feira, e adiaria o início do recesso parlamentar, previsto para o final desta semana.

Vitórias da oposição

Sob pressão de representantes do DEM, PSDB e PPS, o governo acabou cedendo e alterando alguns dos pontos mais criticados no relatório apresentado pelo deputado Wellington Roberto (PP-PB). O mais comemorado pela oposição foi o que impede o Poder Executivo de gastar no próximo ano até 1/12 por mês dos investimentos previstos para o período caso o Orçamento da União não seja aprovado até dezembro. "Permitir investimentos não aprovados pelo Congresso seria um despropósito", afirmou o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).

A questão mais polêmica do dia envolveu o Tribunal de Contas da União (TCU) e só foi superada com um recuo do governo. O Planalto reviu a posição de modificar a forma de avaliação dos custos de obras e serviços executados com recursos públicos, aceitando a manutenção do atual sistema que exige que estes custos sejam iguais ou inferiores à média das tabelas oficiais de insumos. O governo queria que o parâmetro fosse com base na média (igual e não menor).

O DEM, com o apoio de técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), reagiu à mudança, alegando que haveria risco de sobrepreço e superfaturamento nas obras. Apesar de ter autorizado o acordo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não gostou da articulação do TCU para mudar o texto, nem das críticas à mudança, feitas pelo presidente em exercício do TCU, Benjamin Zymler. A LDO também mantém as prerrogativas do TCU para intervir nos processos de execução orçamentária.

Bode na sala

Para alguns parlamentares, o governo usou o truque de colocar propostas polêmicas apenas para negociar e retirá-los na última hora. "São como jabutis ou bodes na sala", comparou o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Ainda assim, o vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), mostrou-se satisfeito com o resultado das negociações. "Eu queria salvar o PAC na LDO e salvei", afirmou, pouco antes do início da votação.

Dentro do acordo firmado, o governo poderá descontar no ano que vem os investimentos feitos no âmbito do PAC do superávit primário das contas públicas, que é a economia feita para o pagamento de juros da dívida. Além disso, as obras do PAC que forem iniciadas, mas não concluídas em 2009, poderão ser quitadas em 2010 usando recursos do chamado "restos a pagar", um mecanismo que repassa o pagamento de despesas contratadas em um ano para o outro.

A LDO é a lei que dá as diretrizes para a montagem da Lei Orçamentária Anual (LOA), que estima quanto deve entrar de receita nos cofres do governo e quanto (e onde) esse total deverá ser gasto.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.