A CPI dos Correios começou a cruzar os dados da quebra do sigilo telefônico das empresas e das pessoas que estão sendo investigadas, e descobriu uma rede de contatos que surpreendeu os parlamentares. São mais de cinco mil ligações entre as empresas do empresário Marcos Valério, Delúbio Soares, o deputado Roberto Jefferson, ministérios e empresas estatais.
O levantamento feito pela CPI dos Correios é preliminar, apenas de telefones fixos, mas revela que as empresas de Valério mantinham contato freqüente com pelo menos 20 ministérios, embora as agências de publicidade dele atendessem oficialmente a apenas dois ministérios, do Esporte e do Trabalho.
Entre os contatos que surgiram no cruzamento aparecem, além de vários telefonemas para o Ministério da Fazenda e da Casa Civil, dezenas de ligações para pastas como Relações Exteriores, Saúde e Agricultura, que até agora não tinham aparecido nas investigações. O trânsito do empresário dentro do governo impressionou a CPI.
- Eu acho que os dados de que nós já dispomos na CPI dos Correios nos permite concluir que a atuação do Marcos Valério junto ao PT pode ser equiparada exatamente àquela atuação realizada por PC Farias, no escândalo do ex-presidente Fernando Collor de Mello - disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL/BA).
Também chama a atenção o número de ligações da presidência dos Correios para Delúbio Soares, que era tesoureiro do PT: foram 131 chamadas entre junho de 2003 e julho de 2005.
O documento da CPI também mostra que a agência de publicidade DNA fez, pelo menos, nove ligações para o gabinete do vice-presidente José Alencar.
Amaury Machado, chefe da assessoria de comunicação social da vice-presidência da República, declarou em nota que usa os ramais encontrados pela quebra de sigilo telefônico desde que foi nomeado, em março de 2003. E explicou que durante oito anos prestou serviços à DNA Propaganda, onde deixou muitos amigos e com os quais mantinha contato freqüente.
Marcos Valério informou que os telefonemas registrados são de trabalho entre as empresas dele e os órgãos federais e que seriam ligações normais, já que as agências têm 450 funcionários e prestam serviços ao governo há mais de 20 anos.



