
Apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como coordenador do "clube" de empreiteiras que fraudavam licitações na Petrobras, o empresário Ricardo Pessoa, da UTC-Constran, negocia um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam no caso. A informação foi publicada neste sábado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Se as negociações derem certo, Pessoa será o primeiro empreiteiro a contar o que sabe em troca de uma redução de pena o princípio da delação. Já são pelo menos nove os réus da Lava Jato que decidiram colaborar com as investigações, segundo a Procuradoria-Geral da República.
O grupo UTC-Constran tem 29 mil funcionários e faturou R$ 5 bilhões em 2013, o último ano com dados disponíveis. Pessoa era o presidente da UTC, cargo que deixou após ser preso em 14 de novembro sob acusação de pagar propina para conseguir contratos na Petrobras o que a UTC nega com veemência.
Nas conversas que ocorreram na semana passada em Curitiba, participaram o advogado de Pessoa, Alberto Toron; o presidente da Constran, João Santana, que foi ministro no governo de Fernando Collor, e o advogado Antonio Figueiredo Basto, que cuida da delação do doleiro Alberto Youssef.
Dos 11 executivos presos desde novembro em Curitiba, Pessoa é o mais próximo de Youssef: era sócio dele em um hotel em Salvador (BA) e num empreendimento imobiliário em Lauro de Freitas, também na Bahia.
Setor elétrico
As negociações de Pessoa com os procuradores ainda não foram fechadas porque o executivo diz não ter informações sobre pagamento de propina no setor elétrico. Os procuradores da Lava Jato querem que os delatores não se restrinjam a narrar as irregularidades que praticaram na Petrobras. Eles buscam informações sobre irregularidades em outros setores após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ter revelado que o cartel de empreiteiras também agia em hidrelétricas e portos.



