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Três meses depois de ter se afastado da presidência do PT - sob suspeita de cumplicidade no caso do dossiê dos sanguessugas - o deputado Ricardo Berzoini (SP) anunciou neste sábado que vai reassumir o comando do partido na próxima terça-feira.

Berzoini disse que já acertou sua volta ao cargo com o presidente interino, Marco Aurélio Garcia, e com dirigentes das diversas correntes petistas. A informação também foi divulgada na página do PT na internet.

``Eu me sinto totalmente à vontade porque as condições que estabeleci para minha licença foram cumpridas'', disse Berzoini a jornalistas, depois de acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa exposição de fotos da campanha da reeleição.

Berzoini deixou a presidência no dia 6 de outubro, condicionando seu retorno ao resultado das investigações sobre a compra de um dossiê que, supostamente, envolveria tucanos no superfaturameto de ambulâncias do Ministério da Saúde.

Coordenadores e funcionários da campanha de Lula (chefiada então por Berzoini) foram presos com cerca de 1,7 milhão de reais sem origem conhecida. Lula chamou de ``aloprados'' os aliados que fizeram a operação.

A Polícia Federal concluiu inquérito em dezembro e indicou o comitê eleitoral do senador Aluízio Marcadante (PT-SP) (candidato derrotado ao governo de São Paulo) como suspeito de comandar a operação.

Mesmo sem ter sido indiciado, Berzoini teve seu retorno contestado por correntes do PT, especialmente a Demoracia Socialista (DS), do ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont.

``Se não houvesse polêmica, não seria o PT'', disse Berzoini sobre as resistências que enfrentou.

Durante a interinidade de Marco Aurélio Garcia, o PT abriu um debate interno sobre a duração do mandato da atual direção, eleita em outubro de 2005 em plena crise do mensalão, que levara à renúncia o ex-presidente José Genoíno.

O próximo congresso do partido, em julho, pode reduzir o mandato de três para dois anos, antecipando eleições internas.

``Não há nenhum óbice, até porque, se mantivermos o calendário original, coincidiria a eleição partidária com a eleição municipal, o que seria muito ruim'', disse Berzoini. ``É bom antecipar. Em quanto tempo, é uma discussão que estou aberto a fazer.''

CÂMARA

Berzoini reassume o PT em meio à disputa na base do governo pela presidência da Câmara. O partido lançou o deputado Arlindo Chinaglia (SP) contra o atual presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição.

``Quem quiser dividir a base vai se dar mal. Nós vamos trabalhar pela unidade e unidade se constrói com responsabilidade'', afirmou Berzoini.

Aldo Rebelo conseguiu o apoio do PFL, além do PSB, PCdoB e PTB. Ele disputa com Chinaglia o apoio do PMDB, que pode definir a eleição.

``Não há nenhuma razão para considerar que o nome que deva ser retirado é o do Arlindo'', afirmou Berzoini. ``Temos um bom diálogo com o PMDB, queremos fortalecer este diálogo e com todos os partidos da base.''

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