
Brasília - A base aliada do governo Lula no Senado decidiu apressar a votação do ingresso da Venezuela no Mercosul. Os governistas vão tentar aprovar na quinta-feira, na Comissão de Relações Exteriores da Casa, a entrada dos venezuelanos no bloco econômico hoje formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Caso isso ocorra, a base quer levar o projeto ao plenário ainda nesta semana.
Os parlamentos da Argentina e do Uruguai já aprovaram o ingresso da Venezuela, faltando apenas os do Brasil e do Paraguai para que o país de Hugo Chávez ingresse definitivamente no Mercosul.
Nos bastidores, os governistas trabalham para rejeitar o parecer do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da matéria, contrário à adesão da Venezuela. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou parecer em separado à comissão no qual defende o ingresso do país do presidente Hugo Chávez.
Dos 19 titulares da comissão, dez senadores da base governista já sinalizaram estar dispostos a aprovar o parecer de Jucá. Há integrantes da base, porém, que são contrários ao ingresso da Venezuela no Mercosul como os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e João Ribeiro (PR-TO).
No parecer, Jucá rebate ponto a ponto os argumentos apresentados por Jereissati contra a adesão da Venezuela ao Mercosul. O líder do governo afirma, no texto, que o regime político do país vizinho, comandado por Hugo Chávez, não pode servir de impedimento para que o país ingresse no bloco. Há uma cláusula no acordo do Mercosul, porém, que impede a adesão de países não democráticos o que os oposicionistas alegam ser o caso da Venezuela.
Jucá, porém, classifica de "miopia estratégica" o argumento de que, com Chávez no poder, a Venezuela poderia colocar em risco a democracia na América do Sul. "Alguns argumentam que o Brasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul e perturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regime político da Venezuela é compatível com o compromisso democrático do Mercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações", afirma.
No relatório de Tasso, Chávez é acusado de cometer uma série de atos que ferem a democracia venezuelana. O tucano diz ainda que o presidente venezuelano utilizou instrumentos democráticos para "dominar os poderes Legislativo e Judiciário", partindo para controlar a imprensa local.
Antes de votar o relatório de Tasso, a comissão pretende ouvir hoje o prefeito de Caracas (capital da Vanezuela), Antonio Ledezma, opositor de Chávez, para discutir a situação política de seu país.



