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Um dia depois de trocar farpas com seu principal adversário, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, candidato do PSDB a presidente da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o "abandono premeditado" da escola pública em São Paulo. Dirigindo-se nesta sexta-feira a uma platéia de jovens recém-contratados pela Petrobras, o presidente disse:

- Vou dar um dado para vocês ficarem surpresos: todo o sistema de ensino público no estado de São Paulo, que é o maior estado da federação, hoje tem apenas 18% dos estudantes universitários em escola pública e 82% estão em escolas privadas, numa demonstração que foi premeditado o abandono da escola pública neste país - afirmou Lula, sem mencionar o nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), seu principal concorrente nas eleições presidenciais deste ano.

De acordo com dados do presidente, todo o sistema público universitário gera em São Paulo entre 91 mil e 98 mil vagas, reunindo USP, Unicamp e as federais, e apenas o ProUni oferece 64 mil vagas no estado. Pelo programa federal, alunos carentes podem cursar faculdades privadas com patrocínio da União.Lula também atacou a lei federal do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que, em 1998, retirou do estado a responsabilidade pelo ensino técnico.

- Deixou-se de investir em escolas técnicas. Nós revogamos esta lei e neste ano vamos inaugurar 32 escolas técnicas - afirmou.Ele voltou a defender a necessidade do ensino e do exemplo familiar como inibidores da criminalidade.

Lula afirma ainda que a dívida na área da educação é grande e que outros programas devem ser criados para atender a demanda da população mais carente, associando a carência à onda de violência que sacudiu São Paulo.

- Esses bandidos que vocês viram na televisão esses dias, assustando São Paulo, matando policiais, na década de 80 deviam ser meninos, de 4, 5 anos de idade e que se nós passássemos na rua, falávamos: 'Nossa que criancinha bonita, que gordinho, que bochechudo.' Só que essa criança não teve no tempo certo a sua esperança atendida, a sua escolaridade atendida, quem sabe por outros problemas porque nós temos o hábito de quando a coisa não está boa pra gente, a gente culpar o vizinho - alfinetou o presidente.

No discurso de cerca de 20 minutos, Lula afirmou ainda que se o Brasil não confiar em seu próprio povo, não será o concorrente que vai acreditar no Brasil.

- O concorrente vai querer nos asfixiar - afirmou.

Lula voltou a contar a parábola da laranja, que precisa ser cuidada na lavoura, precisa ser trabalhada para dar resultados, tem seu tempo de maturação e comparou seu governo a uma plantação da fruta, que agora começa a colher os frutos, apesar de que "não sejam poucos" os que a acham que laranjeira havia morrido, que estão sapateando em volta, dizendo que isso não vai dar em nada".

Mais cedo, na abertura do 2º Salão Nacional do Turismo, o presidente já alfinetara os antecessores. Segundo Lula, os governos anteriores sempre incluíam o turismo entre as prioridades, mas nunca deram atenção na prática para o segmento.

- O mesmo candidato que fazia discursos dizendo que o turismo era prioridade número 1, depois de eleito ia lá e fazia o Ministério do Esporte, Cultura e Turismo, Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Foi por isso que decidimos montar o Ministério do Turismo - disse Lula.

Um dia depois da pesquisa Ibope, que o mostra como favorito e com chances de vencer no primeiro turno, Lula fez um discurso descontraído. Ele não perdeu o bom humor mesmo quando o ministro do Turismo Walfrido Mares Guia o chamou de 'Luiz Henrique da Silva'.

Além de Walfrido, Lula estava com a primeira-dama, Marisa Letícia, o ministro Luiz Marinho, do Trabalho; os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, e vários deputados, entre eles o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, e José Mentor, ambos acusados de ter sacado dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério.

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