Brasília - Pressionada pela oposição, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi socorrida ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente desafiou a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira a mostrar sua agenda e provar o encontro com a ministra no qual as duas teriam conversado sobre as investigações envolvendo o presidente do Senado, José Sarney. Em entrevista ao final de um encontro bilateral com o presidente do México, Felipe Calderón, Lula afirmou que seria "simples e fácil" se Lina apresentasse sua agenda.
A ex-secretária vai prestar depoimento hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e a oposição já tem pronto um requerimento para apresentar na comissão pedindo acareação dela com a ministra.
"Seria tão mais simples e tão mais fácil se a secretária mandasse a agenda que ela se encontrou com a Dilma. Não precisaria nem gastar dinheiro, pagar passagem, nem advogado. Era só pegar a tal da agenda e ver o que aconteceu", afirmou. "Toda vez nesse país que se começa a fazer carnaval com coisa que não dá samba as coisas vão ficando mais desacreditadas na opinião pública."
Lula desqualificou a polêmica em torno do encontro que Lina Vieira teria tido com Dilma. "Sinceramente, acho que o país tem coisa mais séria para discutir. O Brasil tem coisas tão mais importantes que eu acho uma pobreza muito grande um assunto como esse estar na pauta da política brasileira", reclamou o presidente.
De acordo com a ex-secretária da Receita, as duas teriam se encontrado para tratar de vários assuntos. Entre eles, a ministra teria pedido que a Receita acelerasse a investigação sobre as empresas de Fernando Sarney, filho do senador, o que Lina entendeu como um pedido para enterrar o assunto.
Simon
Ao saber que o presidente Lula desafiou a ex-secretária da Receita a mostrar a agenda que comprovaria a reunião com a ministra Dilma Rousseff, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que Lula "está falando demais" e deveria ficar calado.
"O Lula deveria calar a boca. Ele está falando demais. Faz uns 15 dias que ele está sendo o maior adversário da Dilma, ele deve ter mandado a Dilma pedir (a Lina Vieira que encerrasse as investigações envolvendo a família do presidente do Senado, José Sarney). Se houver tropa de choque, haverá resposta, ela tem que ser respeitada", disse Simon.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse ontem que vai apresentar dois requerimentos à CCJ um de convite para que Dilma Rousseff fale à comissão sua versão da história, e outro propondo a acareação de uma com a outra. Os oposicionistas sabem, entretanto, que a possibilidade de aprovar qualquer um dos pedidos será difícil. A CCJ é composta 23 senadores titulares, sendo 14 da base aliada e apenas nove da oposição.
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