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Lula entrou no sambódromo quando a Império Serrano já estava desfilando, em tática para evitar vaias | Ricardo Stuckert/ABr
Lula entrou no sambódromo quando a Império Serrano já estava desfilando, em tática para evitar vaias| Foto: Ricardo Stuckert/ABr
  • Governador Roberto Requião (em pé, de camisa) ficou em camarote diferente do de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Marisa Letícia chegaram de forma discreta ao sambódromo no primeiro dia de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Para evitar as vaias, como ocorreu na abertura dos Jogos Panamericanos, em 2007, o nome dele não foi anunciado pelo locutor oficial do desfile. Horas depois, de madrugada, Lula foi mais ousado e, ao que parece, agradou ao público. Entregue ao espírito do carnaval, o presidente fez apologia do sexo seguro ao distribuir camisinhas durante o desfile da Beija-Flor.

Ao lado do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, Lula atirou cartelas de preservativos na direção do público que estava nas frisas (boxes com cadeiras, descobertos). Segundo o ministro da Saúde, foi a primeira-dama que, involuntariamente, transformou o presidente em garoto-propaganda da campanha do Ministério da Saúde para o carnaval. Marisa se queixou ao ministro de que a cesta de utilidades do banheiro do camarote dos convidados do presidente e do governador tinha de tudo, menos camisinha. "Liguei para Sérgio Cortes (secretário de Saúde do Estado do Rio), e ele me trouxe várias. Logo abasteceram os camarotes com muitas camisinhas", contou Temporão, que incentivou Lula a jogar preservativos aos foliões. Antes de distribuir os envelopes preparados pelo Ministério da Saúde para o carnaval, Lula guardou alguns no bolso para brincar com Cabral. Em seguida os atirou para os que estavam na parte logo abaixo do balcão do camarote que dividia com o governador.

Com chapéu panamá e roupa clara, Lula ficou em uma janela do camarote do governador Sérgio Cabral (PMDB), sempre ao lado de Marisa, que vestia uma blusa azul e branco, nas cores da Beija-flor, escola que tem a simpatia do casal. Demonstrando animação, Marisa ficou sentada no muro da janela. Ao lado dela estava Adriana Ancelmo, mulher de Cabral.

Segunda classe

Diferentemente do ano passado, o camarote tinha poucos convidados e foi dividido em duas partes. A parte onde estava o presidente tiveram acesso, além do governador e da mulher, o jornalista Sérgio Cabral, pai de Sérgio Cabral, o Zeca do PT e parentes de Lula. O diretor brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, também teve acesso ao local.

Na outra ala, uma espécie de segunda classe, estavam a ex-governadora Benedita da Silva, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e a empresária Lili Marinho, vice-presidente da BR. José Eduardo Dutra.

Lula e Marisa chegaram às 21h30 ao sambódromo. A previsão é que eles saíssem de lá só depois da quinta escola, a Beija-Flor, que desfilaria de 1h20 às 2h20. Durante o dia, assessores e seguranças do Planalto tiveram uma série de reuniões para discutir não apenas a segurança do Lula. Demonstraram preocupação também com a imagem. O temor da presidência é de que Lula fosse associado aos dirigentes da Beija-Flor.

Riscos

O patrono da escola, Anísio Abrão David, foi preso quatro vezes pela Polícia Federal, das quais três no governo Lula. A última, no ano passado, por suspeita de comandar uma quadrilha de estelionatários que lavava dinheiro, no Rio Grande do Norte, arrecadado na exploração ilegal de caça-níqueis no Rio de Janeiro. Abraão David também foi preso em 2007 duas vezes pela operação Furacão e em 1993, sob acusação de que integrava o comando do jogo do bicho no estado fluminense.

Nas conversas com os auxiliares, Lula avaliou que a presença no sambódromo não tinha tantos riscos diante das ultimas pesquisas de opinião que mostram um aumento de sua popularidade, especialmente no Rio. Ele avaliou também que as vaias no Pan, no Maracanã em junho de 2007, não se repetiriam.

Regalias

Embora o camarote oficial tenha sido custeado com recursos públicos, o governo estadual do Rio dfe Janeiro deu a ele caráter particular, impedindo qualquer acesso da imprensa. A lista de convidados não foi divulgada. Após a saída do presidente, a reportagem percorreu o camarote. Nos bares, os garçons ainda serviam champagne Möet Chandon aos remanescentes além de vinho tinto e uísque. No banheiro unissex do camarote de Lula, algumas embalagens de Engov demonstraram que convidados recorreram ao remédio contra a provável ressaca.

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