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Desabafo

Lula diz que mercado teve “dor de barriga” e recorreu ao Estado

O presidente Lula, que vai entrar na metade final do segundo mandato justamente quando o Brasil deve começar a sentir os piores impactos da crise econômica mundial, afirmou ontem que o mercado financeiro age como um "adolescente" após sofrer uma "diarréia". Usando uma metáfora em que comparou a relação entre a sociedade e a crise à de um médico com seu paciente, Lula afirmou que é aconselhável pregar o otimismo.

"Imagine se um de vocês fosse médico e atendesse a um paciente doente. O que você falaria para ele? ‘Você tem um problema, mas a medicina já avançou demais. Vamos dar tal remédio e você vai se recuperar’. Ou você diria: ‘Meu, sifu (sic)?" Se você chega dizendo a gravidade da doença, você acaba matando o paciente", afirmou o presidente, em um discurso cheio de metáforas, de cerca de 45 minutos. Lula falou sobre a crise durante o lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual, no Rio de Janeiro. O presidente comparou a relação entre o Estado e o mercado à de pai e filho.

"Era preciso vender todas as empresas do Estado, mandar muito funcionário embora, aumentar tempo do trabalhador no trabalho, porque se aposenta com pouco tempo, e daí afora. O Estado não vale nada, só gasta. (...) Filho de 16 a 21 anos não precisa de pai nem mãe. Eles são onipotentes. Querem sair quando quiserem. Querem todo o dinheiro da gente e, por mais que a gente dê, acha que é pouco. Ou seja, o Estado é careta, não sabe de nada, não é moderno, não gosta de funk, rap... Filho, quando tem dor de barriga, gripe, não tem dinheiro, volta para casa. Nesse caso (a crise), aliás, foi uma diarréia braba. E quem eles chamaram? O estado, que eles negaram por anos."

Ao incentivar o consumo e não pedir "desespero’’ diante da crise, Lula disse que trabalhadores serão demitidos se pararem de comprar. O presidente se comparou a dom Quixote, o sonhador personagem do espanhol Miguel de Cervantes, por pregar o consumo durante a crise.

"Você tem o trabalhador da fábrica, que está ouvindo falar em crise. Ele fala: ‘Não vou comprar um carro porque posso perder meu emprego. Se eu perder o emprego, eu estou ferrado’. Precisa alguém dizer que ele vai perder o emprego exatamente por não comprar. (...) Às vezes eu me sinto como o dom Quixote, sozinho tentando pregar um otimismo de uma coisa muito prática, que é fazer a economia girar.’’

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