O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite desta quarta-feira que não tem pressa de definir sua candidatura à reeleição porque quer continuar inaugurando obras pelo país e colhendo os frutos dos primeiros anos de governo.
Ao participar do lançamento do livro do senador Aloizio Mercadante, sobre os primeiros 30 meses do governo Lula, o presidente disse que não decidirá sua candidatura às escondidas, mas que o anúncio não será no encontro do PT, neste fim de semana. Para Lula, a pressa em decidir candidatos é da oposição e que ele tem mais dois meses até a convenção do partido, em junho.
- Temos dois meses pela frente. Nós temos muitas obras para inaugurar, muita coisa para fazer, porque essas coisas você plantou há um ano atrás e agora você vai colher. Se eu disser que sou candidato, eu não posso fazer isso. Se o partido fizer convenção vai ficar mais difícil. Então, eu quero ter liberdade de poder fazer as coisas - disse Lula.
O presidente afirmou que qualquer ato que faz a oposição diz que é campanha:
- Estamos numa fase no Brasil em que a única forma de as pessoas não dizerem que sou candidato é se eu ficar preso no meu gabinete das 8h às 10h da noite. Se eu sair para cumprimentar as pessoas é porque estou fazendo campanha, quando na verdade eu não decidi ser candidato.
Lula confirmou que irá ao encontro do PT, pela primeira vez desde que foi eleito presidente. Segundo ele, a oficialização de sua candidatura só acontecerá depois das convenções do PT e dos partidos aliados.
- Quem tem pressa de lançar candidato na história do Brasil é a oposição. Quem é situação não tem que ter pressa. Meu tempo não é o tempo dos outros - argumentou Lula, acrescentando que se não disputar a eleição de outubro vai viajar o Brasil para fazer campanha para os aliados.
Lula afirmou que a imprensa será a primeira a saber de sua candidatura:
- Quando eu decidir, a primeira pessoa que eu quero que saiba são as pessoas que participam da imprensa. Não vou decidir escondido, vou decidir publicamente.
O presidente não quis comentar a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que provocou a demissão de Antônio Palocci do Ministério da Fazenda. Ele disse que só a imprensa quer saber sobre esse assunto.
- Não dou opinião. A CPI e a Polícia Federal estão investigando. Ando o dia todo com milhares de pessoas e nunca me perguntaram sobre isso - disse Lula.
Ao falar da situação da economia, Lula citou o ex-ministro:
- Ontem eu ouvi um comentário de que a inflação está sendo controlada pelo mercado, mas quem foi xingado durante meses foi o Meirelles, foi o Palocci, foi o presidente Lula, foi o Mercadante, que nos defendia, foi o Renan. É normal que as pessoas queiram mais.
O presidente voltou a afirmar que o ano eleitoral não vai influenciar na condução da economia:
- Queremos fazer que o Brasil tenha 10 ou 15 anos de crescimento e vamos fazer isso com tranquilidade. Não há período eleitoral, não há discurso de oposição, não há nervosismo de qualquer pessoa que faça com que percamos a tranqüilidade com que dirigimos a economia do Brasil.
Lula falou também sobre as divergências internas do PSDB e do PMDB. Ele comparou os dois partidos ao PT, partido tradicionalmente dividido em correntes. Interessado no apoio do PMDB, Lula afirmou que uma das suas missões neste momento é ajudar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a pacificar o partido.
- Tenho acompanhado as angústias do Renan. Antigamento no Brasil diziam que só o PT brigava. O PT era o partido que só brigava. Hoje fico vendo a situação do Renan e do Alckmin e fico pensando como o PT é tranqüilo - afirmou Lula.
A participação no lançamento não estava na agenda do presidente, mas foi incluída no final da tarde. A ida de Lula chegou a ser cancelada, devido a atrasos na agenda, mas na última hora, o presidente passou no evento, onde cumprimentou petistas presentes e tirou fotos.



