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Fim da baixaria?

Lula e Serra trocam gentilezas entre si

Petista e tucano se encontraram ontem por duas vezes em São Paulo e procuraram passar a imagem de que estão alheios às ofensas trocadas pela cúpula do PT e PSDB

Serra observa Lula olhando em microscópio do Laboratório Nacional do Bioetanol: enquanto seus partidos guerreiam, os dois trocam gracejos | Ricardo Stuckert/Presidência
Serra observa Lula olhando em microscópio do Laboratório Nacional do Bioetanol: enquanto seus partidos guerreiam, os dois trocam gracejos (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência)

Itapira e Campinas (SP) - Num esforço de parecerem alheios à troca de ofensas entre PT e PSDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, o presidenciável tucano José Serra, riram e fizeram brincadeiras sobre futebol em um evento público no qual se encontraram ontem, durante a inauguração de uma unidade do laboratório farmacêutico Cristália, em Itapira, a 159 quilômetros de São Paulo. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência e provável adversária de Serra, também esteve no encontro.

Dirigentes petistas e tucanos passaram a semana trocando ofensas após Dilma ter dito que o PSDB interromperá os avanços do governo Lula caso volte ao governo. Serra disse que não entraria na "baixaria", mas acabou acusado de "hipócrita" pela direção do PT. O clima cordial de ontem também contrastou com o de quinta-feira, quando Lula teria dito, segundo assessores presidenciais, que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), era um "babaca" ao tentar desqualificar o governo federal.

Lula e Serra visitaram juntos as instalações do laboratório, discursaram e assistiram sentados lado a lado às falas de outras autoridades diante de uma plateia de 400 pessoas, a maioria funcionários da companhia. Eles também almoçaram juntos com diretores da empresa. Logo no início do discurso, Serra perguntou qual era o time preferido do público. Ao perceber que os torcedores do Corinthians eram maioria, o governador, palmeirense, sorriu e disse: "Vocês vejam que o governador não pode ser perfeito". Corintiano, Lula riu.

Na sua vez de falar, o presidente aproveitou a deixa e disse que o fato de ter ido ao evento só poderia ter sido vontade de Deus. "Nada é mais importante para um corintiano do que ver um palmeirense perceber que aqui tem tão pouco palmeirense e tanto corintiano. Serra, eu já ganhei o dia." Sentado numa cadeira próxima ao presidente, o paulista, um pouco sem jeito, também riu.

Os gracejos entre o presidente e o governador ao microfone se repetiram em cochichos entre os dois, enquanto outras autoridades discursavam. Se no início da cerimônia Lula entrou sorridente e Serra com semblante fechado, bastou o presidente puxar papo para quebrar o gelo.

Um bilhete enviado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) a Lula provocou gargalhadas entre o presidente e o governador. Lula revelou durante o discurso que o senador escrevera no papel a história de um ex-dirigente da Cristália que, alguns anos atrás, havia saído da direção da empresa para se filiar ao PT. "Naquela época, disseram a ele que patrão não podia entrar no PT."

Serra, Lula e Dilma voltaram a se encontrar ontem em outra solenidade em São Paulo – a inauguração do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CBTE), localizado em Campinas. Nos discursos, o presidente e governador voltaram a fazer brincadeiras um com o outro.

Lula, porém, aproveitou para dar uma leve alfinetada nas críticas do PSDB ao PAC. "Quando o Sergio Rezende (ministro da Ciência e Tecologia) foi fazer o PAC da Ciência e Tecnologia foi a primeira vez que vi a comunidade científica por unanimidade aprovar um programa, com a consciência de que aquele não era um programa do ministro", disse Lula.

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