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| Foto: Nelson Almeida/AFP

No primeiro pronunciamento após ser denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (15), que está com a “consciência tranquila” e que foi vítima de “um momento de indignação”.

“Todas essas denúncias que fico vendo, eu tenho a consciência tranquila e mantenho o bom humor. Porque eu me conheço, eu sei de onde eu vim, eu sei para onde vou, sei quem me ajudou a chegar onde cheguei, sei que quer que eu saio e quem quer que eu volte”, disse. “Ninguém respeita a lei neste país mais do que eu”, seguiu.

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Lula criticou fortemente a investigação e a Operação Lava Jato. “O dado concreto é que, embora eu não os conheça, pela educação que eu tive de berço, talvez por ele serem concursados, eu respeitaria mais a família deles do que ele respeitaram a minha”, comentou, sem citar o procurador da República, Deltan Dallagnol, que apresentou a denúncia de corrupção nesta quarta-feira (14).

“Como convocam uma entrevista coletiva, gastando dinheiro público num hotel, para apresentar um crime e dizem que não têm prova, mas têm convicção”, disse.

“Tanto meus acusadores como parte da imprensa brasileira estão mais enrascados e mais comprometidos do que eles pensam que eu estava. Eles construíram uma mentira, construíram uma inverdade, como se fosse um enredo de uma novela”, continuou.

Durante o pronunciamento, Lula lembrou sua história e a do Partido dos Trabalhadores, dizendo que tem orgulho de ter criado o partido “mais importante da América Latina”. Além disso, disse que a popularidade dele para o país só pode ser comprada a de Jesus Cristo. “Eu tenho uma história pública conhecida, só ganha aqui no Brasil Jesus Cristo”, completou.

À disposição

Ao falar sobre a denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava Jato contra ele, sua mulher, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, o empreiteiro da OAS Léo Pinheiro e mais quatro pessoas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 15, que está à disposição para ser investigado e pediu “às pessoas boas” do Ministério Público que não permitam que “meia dúzia” estrague o histórico da instituição.

“Querem me investigar, me investiguem, querem que eu preste depoimento, que convoquem. Só quero que sejam verdadeiros e honestos comigo, que respeitam a dona Marisa”, disse, com voz embargada, ao falar da esposa, que também foi denunciada nesta quarta-feira pela força-tarefa da Lava Jato. Lula disse que não conhecia os parentes “desses meninos”, ao se referir aos procuradores, mas que “certamente não são melhores que a dona Marisa”. Ele também se emocionou ao lembrar que passou fome com os irmãos.

Lula pediu ainda que os procuradores peçam desculpas a ele se não puderam provar crimes contra o ex-presidente. “A palavra desculpa é nobre, mas não continuem tentando inventar coisa para justificar a primeira mentira, única coisa que eu peço para vocês é que respeitem minha família”, falou o petista.

O ex-presidente disse que está à “inteira disposição” das pessoas sérias do Ministério Público e da Polícia Federal e, inclusive, sugeriu aos procuradores que levem seu acervo guardado no Banco do Brasil para o prédio do MPF. “Coloquem meu acervo lá, por favor, eu não tenho onde guardar.”

As declarações foram feitas após reunião do Diretório Nacional do PT em um hotel em São Paulo. Lula foi recebido com gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro” e “Facistas não passarão”. Com bandeiras do Brasil e do PT ao fundo, Lula fez a própria defesa cercado por senadores petistas, como Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Humberto Costa, além de amigos de longa data como o ex-deputado Devanir Ribeiro e o ex-ministro Jaques Wagner, numa demonstração de unidade do partido.

Denúncia

De acordo com a denúncia apresentada pelo MPF, Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propina da empreiteira OAS, uma das beneficiárias do esquema de corrupção na Petrobras, aplicados em um apartamento no Guarujá (SP) – que Lula devolveu depois que o caso veio à tona na imprensa – e no armazenamento de itens do ex-presidente depois que ele deixou o Planalto.

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