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Poucas horas depois de participar da reunião do conselho político do governo, onde se discutiu o escândalo provocado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que no Brasil são discutidos gastos com políticas sociais, mas milhões saem pelo ralo, numa referência aos desvios de dinheiro público. Lula fez a declaração ao assinar a medida provisória que institui pensão para os portadores de hanseníase submetidos a isolamento e internação compulsória até 1986:

- Discute-se gastos de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil, mas de repente vê no jornal milhões saindo pelo ralo sem que a gente possa cuidar dos pobres - afirmou Lula.

Líderes partidários que participaram da reunião do conselho político disseram que o presidente confirmou o nome do técnico Márcio Zimmermann para o cargo de ministro de Minas e Energia. O cargo está vago desde a demissão de Silas Rondeau, acusado pela Polícia Federal de receber propina de R$ 100 mil da empreiteira Gautama. A informação de que o atual secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do ministério seria o novo titular da pasta foi antecipada na tarde desta quarta-feira no Blog do Ilimar.

Segundo dirigentes do PMDB, o presidente afirmou que anunciará em breve o nome do novo ministro e que, depois disso, dará sequência às indicações do partido para compor o segundo escalão do governo. Lula estaria apenas esperando uma análise do histórico de Zimmermann, que é feito a pedido da Casa Civil.

- Conversei com o presidente, ele confirmou o Zimmermann e disse que vai anunciar amanhã (sexta-feira) - disse um dos peemedebistas.

A indicação de Zimmermann foi decidida durante reunião na manhã de quarta-feira na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da qual participaram o senador José Sarney (PMDB-AP) e Rondeau, que avaliou os quadros técnicos do ministério e deu as informações para os dois políticos. Silas conhece Zimmermann porque ambos ocuparam vários cargos no setor elétrico nos últimos 20 anos. A cúpula do PMDB do Senado fez essa opção para dividir responsabilidades e tirar de seus ombros o peso de especulações e boatos que acompanhariam qualquer indicação política. Embora seja uma indicação do PMDB, ele é ligado à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, titular das Minas e Energia antes de Rondeau.

Lula lamenta saída: 'Um homem de bem, sem posses'

De acordo com políticos presentes à reunião desta quinta, Lula lamentou a saída de Rondeau e disse que foi "muito duro" tirar o ex-ministro. O presidente teria afirmado ainda que tem consciência de que deixou a pasta "um homem de bem, sem posses e que terá dificuldades em pagar advogados".

Na carta de demissão entregue a Lula, Rondeau reafirma inocência e diz que deixa o governo para se defender das "descabidas e injustas inverdades" feitas contra ele.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, também defendeu Rondeau. Em entrevista à Agência Brasil, Franklin afirmou não há nenhuma ligação da Operação Navalha com o governo federal, e que a saída de Silas foi motivada por ele se sentir sem condições políticas, e não para afastar as investigações do Planalto.

- Não há nada que leve a Operação Navalha ao governo. O ministro [Silas Rondeau] chegou à conclusão de que deveria sair, se sentiu politicamente sem condições de permanecer no cargo - afirmou.

Presidente manda apurar possíveis excessos da PF

Convocada para debater a reforma política, a reunião do conselho político do governo foi dominada por discussões sobre a Operação Navalha.

Os dirigentes dos partidos da base a aproveitaram para reclamar ao ministro da Justiça, Tarso Genro, do que classificaram como "excessos" da PF durante suas ações. Segundo relato do ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, os políticos queixaram-se especialmente do vazamento de informações sob segredo de justiça e de prisões sem justificativa. Lula deu apoio à operação, mas disse a Tarso que eventuais excessos devem ser apurados e coibidos.

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