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Lula tem a militância do PT ao seu lado. | Nelson Almeida/AFP
Lula tem a militância do PT ao seu lado.| Foto: Nelson Almeida/AFP

Quando teve câncer na garganta, em 2012, Lula disse que seu maior receio não era morrer, e sim perder a voz: seu instrumento de fazer política.

Na sexta-feira (4), depois de ser levado para depor na Polícia Federal, mostrou mais uma vez sua capacidade retórica. Do diretório do PT, sendo transmitido pela tevê, construiu sua versão para a Operação Lava Jato , para a condução coercitiva e para a crise do PT.

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A frase que parece ter resumido o clima de sua fala foi a que deu a entender que, enquanto puder falar, não estará morto: comparou-se a uma jararaca que tentaram matar, mas que, só machucada, tende a reagir. E a metáfora da cobra só faz sentido para alguém que pretende reagir de maneira dura, sem meios termos.

“O Lula tem uma grande capacidade de simplificar as coisas, de dizer o que quer de uma maneira que toca a população”, diz o cientista político Luiz Domingos Costa, da Uninter. “O Lula sabe se fazer entendido pelo povo, as pessoas conseguem vivenciar o que ele diz”, afirma a senadora Gleisi Hoffmann, correligionária do PT.

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Para Luiz Domingos, a decisão de sair a público e começar a falar pode não ser o suficiente para reverter no curto prazo a queda de popularidade e anular as acusações contra o ex-presidente, mas podem ser o início de uma reação.

Sobre a ideia defendida por Lula de correr o país para se defender, o professor diz que pode ser mais ou menos eficaz, dependendo de qual for a estratégia. “Se for construir pontes, coalizões, defender projetos, funciona. Se for só para acirrar mais aos ânimos, não favorece ninguém.”

Sergio Braga, cientista político da Universidade Federal do Paraná, diz que a fala de Lula foi uma espécie de “fim do monólogo” na Lava Jato. “É necessário que as pessoas acusadas, investigadas tenham o direito de se manifestar, de mostrar suas versões dos fatos, e isso não vinha ocorrendo. O PT estava acuado, agora parece ter decidido reagir”, afirma Braga, especialista em comunicação política.

Braga acredita que a decisão do juiz Sergio Moro de autorizar a condução coercitiva de Lula mesmo sem que ele tenha se recusado a atender a qualquer intimação, também pode facilitar a defesa de Lula. “O que começou a facilitar a defesa do PT foi a arbitrariedade desse gesto, criticado por ministros do Supremo Tribunal Federal e por vários juristas”, afirma.

Curitiba

Na sexta-feira, o ex-presidente Lula disse que iria percorrer o país para se defender e falar da Lava Jato. Logo começaram a dizer que o início da turnê seria Curitiba, terra de Sergio Moro e da força-tarefa que o investiga.

No entanto, até agora não há nada programado. No PT, só o que se diz é que Lula pretende realmente viajar mais, depois de um período de silêncio. Mas a viagem a Curitiba não está marcada e, se ocorrer, parece que não será em breve.

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