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Getúlio Vargas não resistiu à “República do Galeão” e suicidou-se em 1954. | Divulgação/Governo do Brasil
Getúlio Vargas não resistiu à “República do Galeão” e suicidou-se em 1954.| Foto: Divulgação/Governo do Brasil

Aparentemente, mais uma das bravatas do ex-presidente Lula, a afirmação de que está assustado com a “República de Curitiba” remete a um dos momentos mais conturbados da história política brasileira.

Em 1954, uma polêmica investigação comandada pela Aeronáutica para apurar o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, principal opositor do então presidente Getúlio Vargas, ganhou o nome de “República do Galeão”, uma vez que os suspeitos eram interrogados na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. O resultado é conhecido: pressionado pelas Forças Armadas a renunciar, Vargas preferiu o suicídio. A comparação entre as “Repúblicas” começou a ganhar força durante a 22.ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Triplo X”, em janeiro – fase que aproximou a investigação do petista com polêmica em torno da cobertura no Guarujá (SP).

À época, Lacerda atacava Vargas diuturnamente nos jornais, rádio e televisão, com o apoio da oposição e dos militares.

Em 5 de agosto daquele ano, o jornalista foi vítima de um atentado na Rua Toneleros. Enquanto ele foi ferido levemente no pé, as balas mataram o major Rubens Vaz, da Força Aérea Brasileira, que, informalmente, fazia a sua segurança. “Perante Deus, acuso um só homem como responsável por esse crime. Este homem chama-se Getúlio Vargas”, escreveu Lacerda no jornal Tribuna da Imprensa, de sua propriedade.

A partir daí, a pressão a Vargas tornou-se insuportável. As primeiras investigações logo mostraram o envolvimento de funcionários do Palácio do Catete no episódio. Para pior ainda mais a situação do Executivo, sob o pretexto de que a vítima fatal do atentado era um oficial das Forças Armadas, o inquérito policial, conduzido pela Polícia Civil, foi convertido num inquérito policial militar (IPM), sob responsabilidade da Aeronáutica. Imediatamente, o caso passou a ser comandado do Galeão, à revelia das autoridades legais e com amplos poderes. Estava formada a “República do Galeão”.

A apuração levou ao nome do chefe da guarda pessoal do presidente, Gregório Fortunato, que havia contratado dois pistoleiros para executarem Lacerda. Descobriu-se também que um dos filhos de Vargas mantinha negócios suspeitos com Fortunato.

Com o cerco completamente fechado, generais da Marinha e da Aeronáutica exigiram a renúncia de Vargas. Ele, então, aceitou se licenciar do cargo até a conclusão do IPM. A proposta foi recusada. Ou o presidente renunciava ou seria deposto.

Às 8h30 do dia 24 de agosto, porém, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração. “Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”, escreveu ele, em sua carta-testamento.

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